A restauração de 6 milhões de hectares desmatados no Cerrado pode gerar uma receita líquida de R$ 781,3 bilhões, ajudando o Brasil a cumprir com sua meta climática, produzir mais alimentos, gerar emprego e renda e ainda recuperar nascentes fundamentais para o desenvolvimento da agricultura e manutenção das hidrelétricas.
Os dados são do estudo “Quanto o Brasil precisa investir para restaurar o Cerrado?” divulgado nesta terça-feira, 25/02, pelo Instituto Escolhas. Segundo o levantamento, a recomposição de áreas de Reserva Legal por meio de sistemas de produção madeireira, por exemplo, pode resultar na produção de 942 mil metros cúbicos de madeira.
Já a restauração de Áreas de Preservação Permanente (APPs) por sistemas agroflorestais pode produzir 26,6 milhões de toneladas de alimentos, o que demandará a produção de 3,7 bilhões de mudas. Enquanto um investimento projetado de R$ 132 bilhões, a restauração do Cerrado geraria renda com a criação de 1,8 milhão de empregos.
Considerado o celeiro do mundo e a caixa d’água do país, o bioma também tem alto potencial para a remoção de gases de efeito estufa (GEE) da atmosfera: 2,38 bilhões de toneladas de CO2, segundo os cálculos do Instituto Escolhas. O valor equivale a todas as emissões do Brasil no ano de 2023
Acordo de Paris
Diante disso, o gerente de pesquisas do Instituto Escolhas, Rafael Giovanelli, aponta que a recuperação do bioma também pode ajudar o Brasil a atingir a meta assumida no Acordo de Paris, em 2015, de plantar 12 milhões de hectares de florestas até 2030. Para se ter ideia, metade disso está no Cerrado.
“Dez anos depois o País pouco avançou e vai chegar na COP30, em Belém, sem ter o que mostrar. Precisamos de uma estratégia de restauração produtiva que potencialize as vocações do bioma, recuperando nascentes, produzindo alimento e gerando emprego e renda. Nossos números mostram que isso é possível”, afirma.
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