A instabilidade climática que ameaça os produtores do Centro Oeste faz do agronegócio o principal nicho para o seguro paramétrico. O modelo considera índices pré-definidos de fenômenos climáticos — volume de chuvas, por exemplo — como base para o cálculo do valor das apólices e como gatilho para a liberação de indenizações.
Segundo publicação do Globo Rural, uma nova simulação de contratação de seguro paramétrico mostra que essa modalidade pode ajudar governos municipais e estaduais a reduzirem o impacto de catástrofes naturais, diminuindo o tempo de resposta das políticas públicas, como o repasse imediato de recursos às populações atingidas.
O teste, feito pela Newe Seguros, simulou a cobertura contra os danos causados pelo excesso de chuvas no Vale do Taquari, no Rio Grande do Sul, na primeira quinzena do mês passado.
De acordo com os cálculos, se alguma instituição, consórcio de prefeituras desses municípios ou os governos do Estado ou federal tivesse contratado o seguro paramétrico com essas condições, teria pago R$ 7,2 milhões em prêmios neste ano. As indenizações, por sua vez, teriam sido de quase R$ 130 milhões.
O valor da indenização considera os R$ 4 pagos para cada um dos 143,8 milímetros que choveu acima do gatilho definido, multiplicado pela população atingida. Com isso, cada habitante receberia R$ 575,20. Se o volume de chuvas nos 14 dias atingisse os 360 milímetros de limite da apólice, a indenização chegaria a R$ 180 milhões, ou R$ 800 por morador.
Seguro paramétrico
O seguro paramétrico traz uma alternativa interessante para o seguro tradicional, possibilitando a indenização com base em um índice (parâmetro),que por sua vez está relacionado com a perda de rendimento na lavoura. Em um primeiro momento, o seguro paramétrico digital pretende cobrir perdas de rendimento da soja devido à ocorrência de déficit hídrico.
Além disso, plataformas digitais poderão ser implementadas para o gerenciamento e monitoramento a nível regional, a nível do produtor e de lavouras seguradas.
“A grande vantagem do seguro paramétrico é a redução significativa do custo administrativo e consequente redução nos prêmios, possibilitando uma cobertura acessível para pequenos, médios e grandes produtores. Além disso, a agilidade nas indenizações e a transparência do sistema facilita a digitalização dos processos de monitoramento e indenização”, diz trecho de artigo científico publicado pela Embrapa.
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