HomeEconomiaAgricultura

Brasil tem fertilizante suficiente até outubro, diz Tereza Cristina

Brasil tem fertilizante suficiente até outubro, diz Tereza Cristina

Tereza Cristina vai ao Canadá no fim de semana para tratar de fertilizantes
Abertura de mercado canadense anima produtores de carne em MT
Tereza Cristina quer expandir compra de fertilizantes no Canadá

A ministra da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, Tereza Cristina, afirmou que o estoque de fertilizantes para o agronegócio no Brasil está garantido até outubro. A preocupação é com a safra seguinte.

A safrinha de milho já está acontecendo, então o que precisava de fertilizantes já está garantido. A safra de verão, que será no final de setembro, outubro, é uma preocupação, mas também temos do setor privado a confirmação de que há um estoque de passagem suficiente para chegar até outubro”, disse a ministra, em conversa com jornalistas, na noite de quarta-feira, 2/3.

No mesmo dia, mais cedo, Tereza Cristina afirmou, em entrevista ao canal de notícias CNN, que irá ao Canadá “depois do dia 12” de março para negociar a compra de fertilizantes.

Estamos indo lá para conversar com o Canadá [sobre o assunto, pois] fizeram a promessa de que aumentariam [as entregas]”, afirmou a ministra.

De acordo com ela, o Mapa tem um grupo de acompanhamento que conversa constantemente com as indústrias, com os produtores, com a parte de logística e de infraestrutura, em busca de novos parceiros para o caso de diminuir o recebimento de fertilizantes da Rússia e da Bielorrusia.

Temos que ter tranquilidade neste momento e estudar todos os cenários que podem acontecer”, disse.

Além disso, a Embrapa estuda alternativas para aumentar a eficiência do plantio com o menor uso de fertilizantes. Também estão sendo trabalhadas estratégias de fomento e financiamento para aumento da produção de bioinsumos, fertilizantes organominerais, nanotecnologia e agricultura digital.

A agricultura brasileira é forte, vai continuar forte, e temos que dar as alternativas para ela continuar trabalhando”, ressaltou a ministra.

O governo deve lançar nos próximos dias o Plano Nacional de Fertilizantes, elaborado desde o ano passado em parceria com outros ministérios e com a iniciativa privada, para reduzir a dependência do Brasil da importação de fertilizantes.

O Brasil precisa tratar esse assunto como segurança nacional e segurança alimentar. Então, esse Plano, que fizemos lá atrás, há um ano, sem prever nada disso, era que o governo pensava que nós deveríamos ter para que o Brasil, que é uma potência agroalimentar, tivesse um plano de pelo menos 50% a 60% de produção própria dos seus fertilizantes”, disse a ministra sobre o plano que deve ser apresentado ainda este mês.

Em nome disso, o presidente da República Jair Bolsonaro defendeu, também na quarta-feira, 2/3, a exploração de potássio em terras indígenas, como justificativa para acabar com a dependência do Brasil do insumo que vem de fora. Para ele, a “nossa segurança alimentar e economia exigem do Executivo e do Legislativo medidas que nos permitam a não dependência externa de algo que temos em abundância”.  A aprovação do Projeto de Lei n° 191 de 2020, que “permite a exploração de recursos minerais, hídricos e orgânicos” em territórios indígenas”, resolveria esse problema, de acordo com o presidente.

Importação

Como leitor do Gigante 163 sabe, o Brasil importa cerca de 80% de todo o fertilizante usado na produção agrícola nacional. No caso do potássio, o percentual importado é de cerca de 95%. A Rússia é responsável por fornecer cerca de 25% dos fertilizantes para o Brasil.

Os russos são os maiores exportadores mundiais de fertilizantes, com praticamente US$ 7,0 bilhões exportados em 2020. É também os maiores fornecedores do Brasil, com US$ 1,79 bilhão dos US$ 8,03 bilhões que importamos (2020).

Em relação aos fertilizantes potássicos, a Rússia é responsável por cerca de 20% da produção global e é origem de 28% das importações brasileiras. Já para os nitrogenados, o país é o segundo maior produtor global. Como fornecedor para o Brasil a Rússia participa com 21% dos nitrogenados e, no caso específico do nitrato de amônio, o país é praticamente o único fornecedor para o Brasil, segundo dados da Conab.

 Bielorrussia

As exportações de fertilizantes da Belorus para o Brasil estão suspensas desde o início de fevereiro por causa do fechamento dos portos da Lituânia para o escoamento desse produto. Desde que soube que a Bielorrusia sofreria sanções econômicas dos Estados Unidos e da União Europeia, o governo brasileiro vem buscando alternativas para suprir a demanda do setor.

A ministra Tereza Cristina esteve na Rússia no ano passado e no Irã em fevereiro deste ano negociando o aumento de exportações de fertilizantes para o Brasil. A estatal iraniana National Petrochemical Company (NPC) afirmou que o Irã poderá triplicar as exportações de ureia para o Brasil, chegando a 2 milhões de toneladas ao ano. No dia 12 março está prevista uma viagem da ministra para o Canadá para negociar o aumento das exportações de potássio para o Brasil.

Fonte: Mapa, Estadão Conteúdo

LEIA MAIS

Tensão entre Rússia e Ucrânia pode afetar importação e exportação brasileiras

Preços de fertilizantes sobem no País com crise entre Rússia e Ucrânia

Brasil deve ser destaque mundial no uso de bioinsumos nos próximos anos

Novos bioinsumos ‘revolucionam’ agricultura brasileira, diz presidente da Embrapa

Brasil busca atingir autonomia tecnológica na produção de fertilizantes em 10 anos