O estado que mais produz soja no Brasil está tentando enfraquecer a Moratória da Soja – o mais efetivo acordo para limpar a imagem de produtores de todo o Brasil. E isso é uma péssima notícia para todos os produtores.
Embora o estado líder na produção dessa oleaginosa, o Mato Grosso, tenha parte de seu território na Amazônia, os principais produtores são o Rio Grande do Sul, Paraná, Goiás, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais e Bahia – todos fora desse bioma.
Em outras palavras: a maioria dos produtores de soja não trabalha na Amazônia. Porém o setor como um todo já enfrentou a pecha de destruidor da maior floresta tropical do planeta por causa de uma pequena parcela, que não tem participação significativa nos números do nosso segmento. Foi a moratória da soja que, a partir de 2006, ajudou produtores de todo o Brasil a esclarecer que não têm relação com o desmatamento da Amazônia.
Não custa lembrar que, como estamos vivendo nos últimos nos, a destruição da floresta Amazônia mais prejudica do que beneficia nosso setor. Dependemos da floresta para termos chuva no restante do Brasil, onde ficam as grandes áreas de produção agropecuária e milhões de produtores familiares.
Apesar disso, esta semana, os deputados da Assembleia Legislativa do estado de Mato Grosso (ALMT) aprovaram um Projeto de Lei que enfraquece a Moratória da Soja. O PL 2256/2023 impede que empresas signatárias da moratória da soja e da carne tenham acesso a incentivos fiscais oferecidos pelo governo do estado. Ele altera a Lei Estadual nº. 7.958, de 25 de setembro de 2003, que define o Plano de Desenvolvimento de Mato Grosso.
O Gigante163 pergunta: quem se beneficia com esse projeto? O setor como um todo ou uma pequena parcela de pessoas ligadas à venda de terras na Amazônia? Ou uma pequena parcela de produtores que poderia elevar sua produção com tecnologia, como a maioria dos produtores faz, ao invés de optar pela compra de terras recém-desmatadas na Amazônia? Afinal, como todos sabemos, as áreas de produção já constituídas estão fora da moratória.
Aprovar esse projeto significa voltar a colocar em xeque a imagem de todos os produtores do Cerrado e do Sul do País, especialmente no mercado internacional, reforçando uma imagem de desmatadores que já havia ficado para trás. Não ajuda em nada quem faz a coisa certa e trabalha para aumentar sua produtividade com tecnologia.
Mais uma vez, quem diz representar o agronegócio joga contra o agricultor honesto.