Enquanto os bilionários do Ocidente disputam o mercado turístico espacial, a pragmática China investe em foguetes de olho na sua segurança alimentar.
Nos últimos dias, o país asiático colheu sua primeira safra de “arroz espacial” de sementes que regressaram de uma viagem lunar realizada em novembro do ano passado. A expectativa é de que essas explorações espaciais possam ajudar a criar novas variedades da planta capazes de contornar as limitações do solo chinês para alimentar sua população. A semente passou 23 dias no espaço.
A safra foi cultivada partir de 40 gramas de sementes que viajaram a bordo da sonda lunar chinesa Chang’e 5, lançada em novembro de 2020, informou Televisão Central da China (CCTV, na sigla em inglês).
Após serem expostas à radiação cósmica e gravidade zero, algumas sementes podem sofrer mutações e produzir safras mais elevadas ao serem plantadas na Terra.
Conforme informa a agência Sputnik, desde 1987, o país tem levado para o espaço sementes de arroz e outras culturas. Mais de 200 variedades de “plantas espaciais”, incluindo algodão e tomate, foram aprovadas para plantação.
‘Arroz do céu’
O assunto gerou uma discussão acalorada entre chineses nas redes sociais, que se perguntavam quando o “arroz do céu” pousaria em suas mesas de jantar.
“Levará mais algumas gerações e passará por uma série de testes, comparações e análises regionais antes de passar nas avaliações estaduais e provinciais”, afirmou Xu Lei, especialista em cultivo de arroz baseado em um dos maiores campos de produção de arroz da China em Panjin, província de Liaoning, nordeste do país, ao “Global Times”.
Ele observou que apenas variedades de alto rendimento e alta qualidade que provem ser resistentes a doenças serão oficialmente reconhecidas como variedades estáveis para serem promovidas em todo o país.
A reprodução espacial sempre foi uma paixão implacável para os cientistas estudarem a influência dos raios cósmicos, do vácuo, da microgravidade em organismos da Terra, afirmou Wang Ya’nan, analista espacial e editor-chefe da “Aeroespacial de Pequim Revista Knowledge”, à publicação.