A Rússia anunciou a suspensão de acordou que permitia a exportação segura de grãos produzidos pela Ucrânia, na segunda-feira, 17/7. Isso significa que a tendência de queda nas cotações internacionais dos fertilizantes pode chegar ao fim e que os preços do trigo e do milho podem subir na bolsa de Chicago, especialmente se o clima seco continuar castigando as lavouras americanas.
Em entrevista ao Globo Rural, Ênio Fernandes, da Terra Agronegócios, afirma que o mercado de trigo deve sentir impacto maior que o do milho no curto prazo.
A Rússia é a maior exportadora de trigo do mundo, com embarques previstos de 47,5 milhões de toneladas em 2022/23. O país supera sozinho os embarques de toda a União Europeia, segundo maior exportador, com 38,5 milhões de toneladas. Já a Ucrânia figura em sexto lugar, com 10,5 milhões de toneladas de trigo.
Luiz Pacheco, da T&F Consultoria Agroeconômica, afirma que país pode ter anunciado sua saída do acordo para pressionar o Ocidente a acatar suas exigências. Segundo ele, os russos têm mais a perder do que a ganhar com esse movimento, já que precisam exportar trigo para gerar divisas.
Milho
Em relação ao milho, Ênio Fernandes afirma que já está mais ou menos precificado porque o mercado sabia que a renovação era pouco provável. “E neste momento os ucranianos não têm muito milho para exportar”, afirma.
De acordo com ele, geralmente, os embarques de milho da Ucrânia ocorrem entre outubro e janeiro, e quando as exportações norte-americanas e brasileiras ficam menos competitivas.
“Eles têm a vantagem de estar mais perto de portos asiáticos, o que favorece a logística”, diz.
Ainda sobre o mercado de milho, o analista da Terra Agronegócios afirma que o ponto de atenção é a safra norte-americana. Segundo eles, modelos meteorológicos indicam uma redução das chuvas e um aumento das temperaturas nos próximos 14 dias.
“Se isso reduzir a produtividade norte-americana, a dependência dos grãos ucranianos, e a falta deles, será sentida mais à frente”, afirma.
Fertilizantes
Em relação ao fertilizantes, o fim do acordo pode revertera tendência de acomodação dos preços globais dos fertilizantes. A empresa Stonex, por exemplo, diz que pode haver um impacto no longo prazo, caso os grãos subam.
“Pode haver aumento de demanda de adubo para safra de verão e o acompanhamento dos valores mais altos praticados por conta da necessidade”, indica.
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