O MapBiomas faz um alerta: 3,2 milhões de km² de vegetação nativa podem ficar desprotegidos somente na América do Sul, caso a União Europeia (EU) adote a definição de florestas usada pela FAO para implementação de suas políticas de combate ao desmatamento. A área equivale a cinco vezes a área da França.
Para a FAO, uma floresta é um terreno cujo índice de densidade da cobertura arbórea é superior a 10%, tem superfície maior que 0,5 hectare, e as árvores devem atingir uma altura mínima de 5 metros quando maduras. A definição não condiz com as especificidades de importantes ecossistemas que poderiam ser alvo de expansão do agronegócio. O principal deles é o Cerrado, um hotspot de biodiversidade para onde o desmatamento da Amazônia pode vazar.
Com isso, esses 3,2 mil km² ficariam de fora da nova legislação, que está sendo debatida na UE e poderá ser votada em setembro. Ela prevê o banimento de commodities produzidas com desmatamento. O objetivo é cumprir as metas da Declaração de Glasgow sobre Florestas para “deter e reverter” o desflorestamento até 2030.
De acordo com uma declaração de 34 organizações ambientais enviada aos membros do Parlamento da UE, “somente no Brasil, 75% do Cerrado, 89% da Caatinga, 76% do Pantanal e 74% do Pampa estariam em risco”, caso essa legislação vigore.
Como disse Jean-François Timmers, do WWF-Brasil, coautor do estudo, há muitos ecossistemas que fogem da definição da FAO e “que têm um amplo valor biológico e também são muito ameaçados pela expansão da agricultura e da produção de commodities”.
“Não há um valor maior para um ecossistema porque ele tem árvores maiores, já que você pode ter um ecossistema baixo, mas com uma grande riqueza de plantas, como orquídeas e plantas endêmicas, além de fauna endêmica”.
Fonte: WWF e MapBiomas