As secas recordes estão se tornando o “novo normal” para bilhões de pessoas, mas governos ao redor do mundo ainda não tratam essa crise com a urgência necessária. A afirmação é de pesquisadores que apresentaram o estudo Atlas Mundial das Secas nesta segunda-feira, 2, durante a COP16 das Nações Unidas sobre desertificação, realizada em Riad, na Arábia Saudita.
O relatório destaca que as secas, agravadas pelas mudanças climáticas induzidas pelo ser humano, estão cada vez mais prolongadas e severas, resultando na degradação dos solos férteis, que cada vez mais se tornam áridos. Embora menos visíveis que enchentes ou terremotos, elas têm efeitos devastadores, que vão desde perdas na produção agrícola até impactos no comércio global e na saúde pública. O estudo enfatiza que a falta de ações coordenadas pode desencadear crises em cascata e aumentar as desigualdades, ameaçando a segurança alimentar e hídrica.
De acordo com os pesquisadores, até 2050, três em cada quatro pessoas no planeta enfrentarão de alguma forma os impactos desse fenômeno. Ao publicar matéria sobre o Atlas Mundial das Secas , o jornal Folha de S. Paulo destacou que os especialistas entendem que as secas são um dos perigos mais caros e mortais do mundo. Para eles, elas podem ter também efeitos secundários na produção de energia, no comércio global e em setores como o de transporte marítimo.
Ibrahim Thiaw, secretário-executivo da convenção das Nações Unidas para o Combate à Desertificação, pediu uma resposta global abrangente: “Já perdemos 40% das terras férteis. Se continuarmos ignorando a degradação, enfrentaremos perdas econômicas e sociais imensas.”
A COP16, que segue até 13 de dezembro, busca acelerar a restauração de 1,5 bilhão de hectares de terras degradadas até 2030.