A experiência foi a principal credencial para o senador Carlos Fávaro (PSD-MT) assumir o cargo de ministro da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa). Durante o trabalho da equipe de transição, o vice-presidente Geraldo Alckmin (PSB) o escolheu como coordenador sob a missão de ser o principal articulador entre o novo governo e o setor do agronegócio.
Ao assumir a pasta no primeiro dia útil do ano, Fávaro destacou que é preciso investir em pessoas, tecnologia e sustentabilidade.
“Temos que pensar na renda, na qualificação, no treinamento e capacitação das pessoas para que homens e mulheres deste país possam, com o suor do seu trabalho, ter dignidade, comprar seu alimento e viver melhor”, afirmou.
O ministro lembrou o caráter de referência mundial do nosso agronegócio que notoriamente investe em tecnologia, destacando o protagonismo da Embrapa. Mas reiterou que o país não pode abrir mão da questão ambiental. “O Brasil se tornou um pária mundial em relação ao meio ambiente e à produção sustentável. Precisamos reconstruir pontes com a comunidade internacional não porque eles querem, mas porque se faz necessário”.
Ao jornal O Globo, Carlos Fávaro disse que trabalhará em conjunto com outros ministérios, como o Meio Ambiente de Marina Silva, para focar em políticas de combate ao crime ambiental e oferta de alternativas para o crescimento de áreas plantadas. Uma possibilidade são os 40 milhões de hectares degradados por pastagens, mas que podem ser recuperados para se tornarem área cultivável.
Conab e o redesenho dos ministérios
Com a nova configuração da Esplanada, o ministro aposta no diálogo para recuperar a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), que foi para o Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA), comandado por Paulo Teixeira. Fávaro disse ao O Globo que deseja uma gestão compartilhada da estatal e quer definir o tema ainda nesta semana, após reunir-se com os ministros Rui Costa (Casa Civil), Alexandre Padilha (Relações Institucionais) e Paulo Teixeira (Desenvolvimento Agrário).
Com a reestruturação, a Agricultura ficou com a Embrapa e o Desenvolvimento Agrário com a Conab e o Incra. Para ele, o Incra tem que fazer parte do Ministério do Desenvolvimento Agrário porque seu papel é titular pequenos e médios produtores, já a Conab precisa de um debate estruturante para ampliar seu papel.
“Estamos discutindo isso, em fazer uma gestão compartilhada MAPA e MDA para juntos criarmos uma grande Conab. A Conab não precisa só fazer relatório de expectativa de produção, estoques. Precisamos ter um pouco de estoque público, se não, não fazemos combate à fome”, concluiu o ministro.