A Amaranthus palmeri ou caruru-gigante, como é conhecida, é uma planta daninha exótica, de crescimento rápido e que causa grandes perdas nas lavouras. Seu surgimento acende um alerta para produtores. Em 2015, um foco foi identificado no Estado e a Embrapa atuou no grupo liderado pelo Instituto de Defesa Agropecuária de Mato Grosso (Indea-MT) para o controle e erradicação da espécie.
Pesquisas mostraram que a associação entre o controle químico e cultural é a melhor estratégia para o controle, além disso, a rotação de culturas e de mecanismos de ação de herbicidas também são fundamentais para evitar novas seleções de resistência. Os resultados do trabalho estão disponíveis na publicação “Estratégias de controle de Amaranthus palmeri resistente a herbicidas inibidores de EPSPs e ALS”.
Invasora resistente
Embora esteja em processo de erradicação em Mato Grosso, o Amaranthus palmeri preocupa o setor produtivo. Além de ter grande potencial de se disseminar pelas lavouras, chegando a produzir até 600 mil sementes por planta, a invasora possui resistência múltipla a herbicidas inibidores da EPSPs e da ALS. No biótipo encontrado em Mato Grosso foi constatada resistência a glifosato (glyphosate), chlorimuron-ethyl, cloransulam-methyl e imazethapyr.
Classificada como uma planta do tipo C4, o Amaranthus palmeri tem crescimento acelerado e compete com a cultura agrícola por água, nutrientes, espaço, luz e CO2. Nos Estados Unidos, onde a ocorrência é comum, chega a causar queda de 79% na produtividade da soja, 91% na do milho e 77% na do algodão. Na Argentina a planta daninha já está bem alastrada, com caso registrado de resistência ao glyphosate, o que representa um risco permanente para as lavouras brasileiras.
A Embrapa testou medidas de controle em sistemas produtivos com a sucessão soja-algodão e na cultura do milho. De acordo com Sidnei Cavalieri, pesquisador da Embrapa Algodão, somente o uso da braquiária já foi responsável por controlar 80% da emergência das plântulas. Para eficácia de 100% no controle, o estudo mostrou que nas áreas de consórcio com milho, as melhores alternativas de herbicidas a serem usados são atrazine em pré-emergência e uma combinação de atrazine com tembotrione em pós-emergência.
“Se levarmos em consideração todos os benefícios da palhada para o sistema produtivo, com aumento de matéria orgânica do solo, ciclagem de nutrientes, retenção de água, entre outros, essa estratégia se mostra a melhor alternativa para controle do Amaranthus palmeri”, afirma Cavalieri.
Fernanda Ikeda, pesquisadora da Embrapa Agrossilvipastoril, explica que os estudos indicaram que o uso do consórcio de milho com braquiária também estimula o controle biológico da planta daninha feito por insetos. Nas observações feitas em campo, a redução na infestação causada provavelmente por inimigos naturais foi de 60% com o consórcio, enquanto com o milho solteiro foi de 30%.
Já na sucessão soja-algodão, dentre os herbicidas avaliados, a pesquisa mostrou que a alternativa mais eficaz é a combinação da aplicação de pendimethalin em pré-emergência com lactofen ou fomesafen em pós-emergência, na cultura da soja. Em ambos os casos, o nível de controle superou 93% aos 14 dias após a última aplicação.
Na cultura do algodão, os melhores resultados foram obtidos com a aplicação de s-metolachlor ou trifluralin em pré-emergência, combinado com amônio-glufosinato em pós-emergência, com eficácia acima de 96% aos 14 dias após a aplicação.
“Procuramos avaliar a utilização de combinações de herbicidas de diferentes mecanismos de ação com o objetivo de minimizar o risco de seleção para a resistência a herbicidas. Uma forma de se fazer isso é por meio da rotação de culturas, assim somamos aos benefícios do controle cultural e reduzimos a pressão de seleção”, ressalta.
Fonte: Embrapa