O Brasil registrou 295 casos de ferrugem asiática, a doença que mais causa perdas às lavouras da soja e cuja safra 2022/23 está em fase final de colheita. A boa notícia é que número de ocorrências foi menor do que o do ciclo anterior, quando surgiram 573 focos, de acordo com dados do Consórcio Antiferrugem. As informações são do Valor Econômico.
A diminuição do número de casos no País aconteceu mesmo em um ciclo em que a doença apareceu mais cedo do que costuma ocorrer, como aponta Cláudia Godoy, pesquisadora da Embrapa Soja. A precocidade da doença é motivo de preocupação.
“O número total de casos geralmente é subestimado, e por isso não há tanta preocupação com os dados finais. O mais importante são as primeiras ocorrências, que nesta safra 2022/23 apareceram mais cedo que o normal”, disse a pesquisadora.
Segundo ela, os primeiros registros de ferrugem na soja aconteceram em dezembro de 2022, nas lavouras de Paraná, São Paulo e Minas Gerais. O ideal seria a confirmação dos episódios apenas em janeiro.
Godoy lembra que o clima úmido é propício para o surgimento da ferrugem nas lavouras. Neste ciclo, as chuvas foram mais frequentes em algumas partes do Centro-Sul, mesmo com o clima sob influência do La Niña, que geralmente reduz o volume de precipitações na região.
“O clima favorável para a soja facilita também o surgimento da ferrugem. Com o alongamento de ciclo da cultura e o excesso de chuva no início do ano em áreas do Paraná, o produtor não conseguiu fazer um intervalo para a aplicação de fungicida”, explicou.
O que é a ferrugem asiática?
Causada pelo fungo Phakopsora pachyrhizi, a ferrugem asiática foi identificada no Brasil pela primeira vez em 2001. De acordo com a Embrapa, a doença pode causar perda de produtividade nas lavouras de até 90%. Estima-se que o custo médio para controle da doença no país é de US$ 2,8 bilhões por safra.