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Mais produtividade e solo fértil: o papel do sequestro de carbono

Mais produtividade e solo fértil: o papel do sequestro de carbono

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O sequestro de carbono no solo não é apenas uma solução ambiental, mas também uma grande vantagem para o produtor rural. Além de contribuir para a sustentabilidade e ajudar a diminuir os efeitos das mudanças climáticas, essa prática melhora a qualidade do solo, reduz custos e aumenta a produtividade, segundo o professor Carlos Eduardo Cerri, do Departamento de Ciência do Solo da ESALQ.

Mas o que é sequestro de carbono? De forma simples, é o processo pelo qual o solo “absorve” o gás carbônico (CO₂) da atmosfera e o armazena. Esse carbono, quando capturado, se transforma em matéria orgânica, que melhora a fertilidade do solo e ajuda no crescimento das plantas. Ou seja, é um ciclo que beneficia tanto a produção rural quanto a natureza.

E o Brasil está na vanguarda desse processo. Em entrevista ao portal Planeta Campo, ), Cerri, que também é  integrante do CCARBON (Centro de Estudos de Carbono em Agricultura Tropical, destacou que o País já é um exemplo mundial nessa área. Com cerca de 33 milhões de hectares dedicados ao plantio direto, o Brasil lidera a adoção de práticas que favorecem o sequestro de carbono.

Um estudo que contou com a participação de Cerri analisou mais de 13.000 artigos científicos e identificou três práticas agrícolas com grande potencial para o sequestro de carbono:

Plantio direto: Evita o revolvimento do solo e mantém a cobertura de palha, o que ajuda a capturar carbono e melhora a qualidade do solo.

Recuperação de pastagens degradadas: Pastagens bem cuidadas têm maior capacidade de absorver carbono.

Sistemas integrados: Combinar agricultura e pecuária no mesmo espaço aumenta a eficiência do uso do solo e contribui para a captura de carbono.

Benefícios para o produtor

Além de contribuir para a redução dos gases de efeito estufa, essas práticas trazem vantagens diretas para o produtor. Um solo rico em carbono é mais fértil, retém mais água e reduz a necessidade de fertilizantes químicos. Isso significa maior produtividade e menor custo de produção.

No entanto, Cerri ressalta que os resultados não são imediatos. “Após 2 ou 3 anos, já é possível mensurar esses benefícios, que crescem até o solo atingir um equilíbrio, em torno de 20 a 30 anos”, explicou. Para ele, uma vez implementadas, as práticas trazem benefícios tão significativos que o produtor não volta atrás”.

O futuro do agronegócio sustentável

O Brasil tem a oportunidade de se consolidar como um modelo global de agricultura sustentável. Programas como o RenovaBio, o Plano ABC (Agricultura de Baixa Emissão de Carbono) e o Plano Safra já incentivam a adoção dessas práticas.

Por isso, investir em práticas que sequestram carbono não é só cuidar do planeta, mas também garantir um futuro mais lucrativo e sustentável para o seu negócio. O agronegócio brasileiro tem tudo para ser um exemplo mundial, mostrando que é possível conciliar produtividade e preservação ambiental. E o melhor: com ganhos reais para quem está no campo.