A troca de saberes entre ciência e conhecimento tradicional, mais uma vez, brinda a agropecuária brasileira com soluções eficientes. Uma nova técnica desenvolvida pela Embrapa, com parceiros nacionais e internacionais, se baseia em uma técnica dos indígenas pré-colombianos para a obtenção de biocarvão (biochar) de forma mais simples, ágil e eficiente.
Trata-se da Terra Preta de Índio, que é a combustão parcial dos resíduos orgânicos misturados ao solo de cultivo.
O composto organomineral (obtidos a partir de matérias-primas de origem animal e vegetal) resultante da mistura direta do biocarvão com o solo mostrou bom potencial como veículo para aplicação de fertilizante.
A nova tecnologia reduz de três para uma etapa a produção do biocarvão, porque o processo de combustão já incorpora partículas do solo, diferentemente dos convencionais, nos quais os carvões produzidos precisam ser primeiro ativados, para, depois, se misturarem ao solo.
Além de reduzir a perda de nutrientes, agrega vantagens ambientais, como diminuição da emissão de gases de efeito estufa e maior sequestro de carbono no solo.
O composto gerado pela pesquisa potencializa o uso de fertilizantes de acordo com os diferentes tipos de solos.
A tecnologia, que está à disposição de parceiros para produção em larga escala, pode ajudar o Brasil a reduzir a dependência de produtos importados. O impacto na economia com a utilização do biochar pode ser de cerca de 10 milhões de toneladas anuais, sem perdas na produtividade das culturas agrícolas, acreditam os pesquisadores.
Atualmente, o País consome 40 milhões de toneladas de fertilizantes, dos quais 85% vêm de outros países, especialmente da Rússia.
A pesquisa foo desenvolvida pela Embrapa Rondônia (RO), em parceria com a Universidade Federal Rural de Pernambuco (UFRPE), o Instituto Federal de Rondônia (IFRO) e a Universidade de Santiago de Compostela (USC), da Espanha.
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