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Tempo seco e quente expõe trabalhador rural a doenças pulmonares e de pele

Tempo seco e quente expõe trabalhador rural a doenças pulmonares e de peleTrabalhadores rurais precisam se proteção contra o sol forte. Foto: Senado Federal

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Por André Garcia

Ressecamento da pele, desconforto nos olhos, na boca e no nariz são alguns problemas causados pelo clima seco e quente comuns ao inverno no Centro-Oeste. Se a situação é ruim para quem vive na cidade, imagina para os trabalhadores rurais, que são muito mais expostos à radiação solar.

O Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet) publicou aviso de perigo para Mato Grosso nesta quarta-feira, 3/8, apontando que a umidade relativa do ar no Estado tem variado entre 20% e 12%, recebendo assim a classificação laranja. Abaixo desse índice, há o alerta vermelho de “grande perigo”. Para se ter uma ideia, o ideal para saúde é que fique entre 50% e 80%, segundo a OMS.

Com temperaturas nunca inferiores a 30º até setembro, a Defesa Civil vem informando a população sobre os riscos da baixa umidade para a saúde desde julho, via SMS. Na sexta-feira, 28/7, o aviso era de declínio maior que cinco graus, considerando a variação de 20% e 12% da umidade relativa do ar.

Neste cenário, considerando a exposição prolongada e a não adoção de medidas de proteção, as doenças pulmonares e de pele são as principais ameaças ao trabalhador rural. É o que explica o médico pneumologista Carlos Garcia.

“Quando a umidade está abaixo de 30%, há um ressecamento da mucosa respiratória, o que pode afetar as defesas do sistema respiratório principalmente pacientes do grupo de risco, como idosos, crianças e portadores de doenças pulmonares, como asma. Somando-se aos poluentes, decorrentes das queimadas, temos também o aumento de infecções respiratórias”, afirma.

Hidratação

A recomendação geral é de reforço na hidratação e atenção na realização de atividades físicas, que devem ser feitas prioritariamente antes das 8h e após as 19h. Indicação que destoa das rotinas no campo, já que, afora grandes empreendimentos, que dispõe de tecnologia, maquinário e conforto para os operadores, a realidade na maioria das propriedades é de trabalho pesado, que se estende da manhã até a tarde, sob o sol.

No caso desses funcionários, a exposição ao calor e à radiação solar afeta principalmente a face, os lábios e o pescoço. Na sequência vêm braços, antebraços, dorso, couro cabeludo e mãos.

“Isso resulta em diagnósticos como fotoenvelhecimento, ceratose actnicica, melanose solar, queilite e, nos casos mais graves, em câncer de pele”, explica Garcia à reportagem do Gigante 163.

O médico lembra que a realização do trabalho sem os devidos cuidados também pode causar excessiva desidratação com quadros de dores de cabeça, alteração da pressão arterial, insolação e vertigem.

“Neste contexto é fundamental que o trabalhador use, todo o equipamento de proteção individual, incluindo óculos escuros com proteção para raio ultravioleta, roupas com mangas cumpridas, filtro solar e chapéu.”

Vale destacar que a indumentária é recomendada pelo Ministério do Trabalho, conforme Programa de Controle Médico de Saúde Ocupacional (PCMSO) e o programa de prevenção de risco ambiental e o Programa de Prevenção a Riscos Ambientais (PPRA).

Riscos da exposição prolongada

A exposição prolongada pode causar uma série de problemas para o trabalhador, sendo os mais comuns aqueles mencionados por Carlos. No caso do fotoenvelhecimento, por exemplo, é importante destacar que ele é considerado como fator de risco para o câncer de pele. O diagnóstico decorre de um processo causado pelo excesso de exposição solar, ou de fontes de bronzeamento artificial.

Já as chamadas melanoses solares são manchas de diferentes tons de castanho, variando de milímetros a alguns centímetros de diâmetro nas áreas mais expostas. Enquanto a queilite actínica (QA) é uma alteração crônica, pré-maligna que afeta principalmente o lábio inferior, a ceratose actínica é uma lesão que se caracteriza por áreas avermelhadas ou ligeiramente acastanhadas, com uma superfície áspera. Essas manchas com nomes complicados, mas fáceis de enxergar, são sinais de que o trabalhador precisa procurar um médico.