Por André Garcia
Observados em pequena escala na safra 2019/2020, o quebramento e o apodrecimento das vagens de soja aumentaram gradualmente no médio-norte de Mato Grosso e já causam preocupação entre os produtores da região. Não é para menos. As anomalias representam ameaça para uma área de cultivo de 2.5 milhões de hectares, quase 30% da área plantada no Estado.
Ao Gigante 163, o agrônomo da Embrapa Agrossilvipastoril de Sinop, Auster Farias, conta que, há três anos, quando foram constatados os primeiros sintomas, cogitou-se que a causa teria sido o excesso de chuva registrado naquela época.
“Ainda era uma coisa pequena. Nas safras seguintes não tivemos problema com excesso de chuva e ainda assim as perdas continuaram crescendo.”
Frente ao risco, a Embrapa, em parceria com associações, empresas e universidades, realiza pesquisa em pelo menos oito campos de teste, onde o comportamento de 50 diferentes cultivares de soja serão avaliados. O objetivo é classificar quais deles serão mais e menos afetados pelas anormalidades, para que os produtores possam, a partir da conclusão do estudo, aderir às espécies mais resistentes.
Nestes espaços, segundo Auster, também será considerado o manejo de fungicidas, uma vez que, a hipótese inicial é de que ambos os problemas sejam causados por fungos.
“Ainda é difícil afirmar porque há uma série de fatores, como clima e genética, que podem influenciar esse tipo de situação. Mas, uma das constatações que fizemos é que, quando aplicamos fungicida, há redução de perdas entre as áreas.”
O agrônomo faz parte da equipe que conduz as pesquisas sobre o assunto na Embrapa e reforça que, embora o apodrecimento e o quebramento apresentem características semelhantes, se trata de dois problemas diferentes e que, até o momento, o quebramento atingiu áreas menores.
Até agora os levantamentos não quantificaram o total de hectares atingidos no médio-norte, onde se encontram alguns dos municípios mais representativos para o agronegócio no País, como Sorriso, Sinop, Lucas do Rio Verde e Nova Mutum. Já se sabe, contudo, que o problema não atingiu ainda outras localidades de Mato Grosso, como a região sul e a do Araguaia, por exemplo.
Em parceria com os sindicatos rurais, a Embrapa elaborou um formulário para que os produtores possam ajudar a quantificar e mapear melhor os danos. A previsão de duração do estudo é de três anos, período que pode ser reduzido dependendo dos resultados obtidos.