Por André Garcia
Com chuva em excesso em Mato Grosso e escassez no Paraná, o plantio da safrinha 2025 de milho começou com o pé esquerdo no Centro-Sul do Brasil. Segundo levantamento divulgado na segunda-feira, 20/01, pela consultoria AgRural, 0,3% da área estimada para a região estava semeada até quinta-feira 16/1, contra 4,9% no mesmo período de 2024.
Este, que é o começo de plantio mais lento desde 2021, resulta do atraso na colheita de soja: apenas 1,7% da área cultivada no Brasil estava colhida até quinta-feira 16/1. Em Mato Grosso a situação é descrita por Cleverson Bertamoni, produtor de São José do Rio Claro e delegado da Associação dos Produtores de Milho e Soja (Aprosoja MT).
“Os produtores estão preocupados, porque já adquiriram as sementes de milho, já adquiriram o fertilizante, todos os insumos para a segunda safra. Agora não tem como voltar atrás, talvez vai ter que plantar fora da janela. É meio arriscado, mas como os insumos já se encontram na propriedade, não tem como fazer a devolução”, contou.
De acordo com o Instituto de Mato-grossense de Economia Agropecuária (Imea), na última semana as primeiras frentes de semeadura de milho da safra 2024/2025 tiveram início na região Médio Norte. “Entretanto, os avanços dos trabalhos a campo em Mato Grosso ainda não tomaram ritmo”, adiantaram os técnicos.
Em boletim publicado na segunda-feira, a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) mostrou que até o domingo, 19/1, a semeadura do cereal alcançou apenas 0,5 ponto porcentual entre os nove estados que concentram 91% da área cultivada em todo o País.
Atraso na colheita de soja
Como já mostramos, em Mato Grosso, principal produtor nacional, os trabalhos têm o ritmo mais lento desde a safra 2010/11. No Estado, isso ocorre porque a semeadura da oleaginosa atrasou por conta da seca e agora, o tempo chuvoso impede a entrada do maquinário no campo para sua retirada, prolongando o ciclo.
Segundo Cleverson, em sua região o atraso na colheita em relação ao ano passado é de 20 a 30 dias, o que encurta consideravelmente a janela ideal para o milho de segunda safra. Para piorar, por conta das previsões de supersafra, os produtores também venderam o cereal a um preço menor neste ciclo.
“Os grãos aparecem com uma boa formação, porém a maioria das lavouras estão verdes ainda. Esperamos uma boa safra de soja, a nossa esperança é que dê uma boa produção, mas tudo isso que falam depende do tempo, se o tempo não colaborar e não der para entrar com as máquinas na hora certa, essa projeção não vai se confirmar”, pontuou.
LEIA MAIS:
Clima atrasa colheita da soja e MT tem ritmo mais lento desde 2010
61% das exportações de milho de Mato Grosso já saem pelo Arco Norte
Desmate causou prejuízo de R$ 5,8 bi em soja e milho na Amazônia
Seca faz cair estimativa de produção de milho safrinha em 34% no MS
Puxada por MS, queda na segunda safra de milho deve ser de 10%
Indústria de carnes do RS deve recorrer a milho do MT
Cultivo do milho em Mato Grosso tem novo estímulo
Seca pode gerar prejuízo a produtor que plantou milho fora da janela ideal