HomeProdutividade

Boiada passa: Assembleia aprova projeto de pecuária extensiva no Pantanal

Boiada passa: Assembleia aprova projeto de pecuária extensiva no PantanalAssembleia Legislativa de MT. Foto: Foto: JLSiqueira/ALMT

Com recursos do ICMS, Governo de MT fomenta agricultura familiar
Deputados querem abrir reservas florestais de Mato Grosso para mineração
Projeto cria política estadual de valorização da mulher no campo

Por André Garcia

O Projeto de Lei (PL) 561/2022, que permite a pecuária extensiva no Pantanal, foi aprovado em segunda votação na terça-feira, 12/07, na Assembleia Legislativa de Mato Grosso (AL-MT). A partir da sanção do governador do Estado, Mauro Mendes (União Brasil), ficam autorizados empreendimentos no bioma e uso das áreas de preservação permanente (APP) e reserva legal.

O que mais preocupa pesquisadores e ambientalistas são as brechas na legislação que permitem o desenvolvimento de atividades poluidoras e de alto impacto ambiental, como a mineração e o garimpo. Nesta quarta-feira, 13/07, o Fórum Mato-grossense de Meio Ambiente e Desenvolvimento (Formad), rede composta por mais de 30 organizações socioambientais, publicou uma nota de repúdio ao PL 561/2022.

Para o Formad e as 42 organizações e movimentos sociais que também assinam a nota, o projeto “legalizou” a degradação do bioma, maior área alagável do mundo. Dentre os pontos ressaltados no documento está a permissão para utilização de até 40% da propriedade localizada em área alagável para formação de pasto, dentre outros pontos.

“O PL 561/2022 é uma afronta ao Código Florestal brasileiro, e trará prejuízos à qualidade da água, às espécies animais e vegetais, ao equilíbrio ecológico e aos povos tradicionais e indígenas da maior planície alagável do mundo, o Pantanal, já ameaçado por uma crescente perda de sua superfície de água”, diz trecho da nota.

De autoria dos deputados estaduais Carlos Avalone (PSDB) e Allan Kardec (PSB), o projeto, aprovado com 22 votos favoráveis e apenas dois contrários, faz alterações na Lei nº 8830/2008, conhecida como Lei do Pantanal.

O deputado estadual Lúdio Cabral (PT) observa que a norma atual já permite a ‘limpeza’ do pasto, principal reivindicação dos pecuaristas.

“O PL 561 altera o que é conservação permanente e permite atividades intensivas e em larga escala. E não é isso que os pecuaristas querem. Além disso, o projeto não acolhe as recomendações da Embrapa para limitar o uso das áreas de reserva legal e APP.”

Para ele, a pecuária está sendo usada como desculpa para que outras atividades destruam o Pantanal. “Essa autorização para ‘empreendimentos’ e o fim da restrição a atividades poluidoras podem acabar liberando a construção de portos e até mesmo garimpo e mineração”, disse.