As chuvas típicas do verão estão elevando os casos da doença fúngica ferrugem asiática nas lavouras brasileiras de soja, o que exige medidas mais rigorosas tanto no controle quanto na quantidade de aplicações de defensivos, aumentando os custos com fungicidas em quase 10% em uma safra que já era mais cara do que a anterior.
Até quinta-feira, 2/2, cerca de 160 casos da doença haviam sido relatados na temporada de 2022/23 nos Estados do Mato Grosso, Paraná, Goiás, Mato Grosso do Sul e São Paulo, conforme dados do Consórcio Antiferrugem. Uma semana antes, eram 144 relatos contra 88 no mesmo período de 2021/22. As informações são da Reuters.
De acordo com o diretor da consultoria Pátria AgroNegócios, Matheus Pereira, áreas que no passado teriam até três aplicações de fungicidas, “nesse ano dificilmente conseguirão aplicar menos do que quatro”.
Uma nova aplicação de fungicida aumenta o custo com químicos em torno de 8% nesta safra. Desta forma, a despesa total do agricultor com insumos, considerando semente, fertilizante e defensivo deve ter um incremento de 3,4%.
Lucas Costa Beber, vice-presidente da Aprosoja Mato Grosso, explica que apesar da ferrugem ser um problema grave para a soja, ela deixou de causar grandes danos no maior Estado produtor da cultura, pois os agricultores têm feito o “dever de casa”, com aplicações preventivas de agroquímicos, alternância de princípios ativos e uso de fungicidas multissítios, que possuem capacidade de controle de vários patógenos.
Nas lavouras atingidas pela ferrugem não há expectativa de grande quebra para esta safra por causa do estágio em que as plantas se encontram, em sua maioria em enchimento de grãos, e também em função do aumento de aplicações de fungicidas.
As chuvas e o calor que favorecem o fungo, por outro lado, têm beneficiado o desenvolvimento das lavouras do País, que deve ter uma colheita recorde. Desta forma, o principal impacto é, de fato, no bolso do produtor rural com os custos para controle.