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Com fim do vazio sanitário da soja, produtor precisa de cautela com chuva irregular

Com fim do vazio sanitário da soja, produtor precisa de cautela com chuva irregularInmet classifica previsão para setembro como mesclada. Foto: Secom-MT

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Por André Garcia

Com o fim do vazio sanitário da soja, o produtor de Mato Grosso está de olho na previsão do tempo e já calculando os riscos do plantio em setembro. O cenário se mostra positivo, mas pede cautela, já que, graças ao fenômeno La Niña, as primeiras chuvas acontecem de forma irregular no Estado e não devem reverter, neste mês, o déficit hídrico do solo, causado pelo período de seca.

À reportagem do Gigante 163 o meteorologista Mamedes Luiz Melo, do Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet), explicou que há semelhanças entre as previsões para setembro nas safras 2022/2023 e 2021/2022, quando a seca causou atraso nos trabalhos. Ainda assim, o cenário é melhor agora. Isso porque, neste ano, mesmo esparsas, as precipitações vêm sendo registradas.

Ele classifica a previsão para setembro como mesclada.

“Não há previsão de chuva por completo, mas as precipitações vêm acontecendo, mesmo que seja de forma pontual, principalmente no oeste e sul do Estado. Ou seja, está atrasada, mas já começou. Daqui para frente a previsão é de que ela tome o seu percurso normal”, afirma.

Aumento

Na expectativa de que a chuva garanta umidade suficiente para o desenvolvimento das sementes plantadas, o Instituto Mato-grossense de Economia e Agropecuária (Imea) prevê aumento de 1,62% em volume e de 2,92% em área plantada de soja em comparação com a temporada 21/22. Se consolidados, os números chegarão a 41,51 milhões de toneladas e de 11,81 milhões de hectares, conforme informado ao Money Times.

A partir de outubro, portanto, o volume deve aumentar, superando a média nas cidades com as maiores plantações, como Sorriso e Sinop, que estão “dentro da rota da chuva”. Essa previsão, segundo Mamedes, serve tanto para estes municípios quanto para a parte central do Estado em outubro, novembro e dezembro. Para janeiro e fevereiro, é esperada redução do volume para o valor médio e até mesmo abaixo da média.

“A chuva tem início sempre do oeste para o leste. Por isso começa a chover sempre nessas cidades que ficam mais próximas da fronteira com a Bolívia. É quando começa o fluxo de umidade associado aí aos jatos de baixos níveis, que trazem essa umidade da região amazônica. Então essa umidade começa a se associar às frentes frias que vem da região Sul do Brasil, ocasionando as chuvas.”

Diante disso, para o meteorologista, embora a princípio as condições sejam as melhores possíveis, é preciso manter o monitoramento.

“O La Niña ainda deve atuar até dezembro, quando podemos entrar em período lento, neutro. Mas acredito que não vai ser como no ano passado, quando atrasou a estação e depois houve prejuízos devido aos grandes volumes de chuva. A tendência é de que este ano seja melhor.”

 Irregularidade

A irregularidade nas precipitações também é apontada pelo Climatempo. De acordo com a instituição, do dia 21 ao 25 de setembro também há previsão para presença de corredor de umidade entre a costa do Sudeste e o Norte do país, o que favorece a formação de nuvens no Estado.

“De novo, trata-se de chuva localizada e passageira. Portanto, o produtor vai ter que avaliar se corre o risco de lançar agora as sementes, ou se aguarda por uma chuva mais frequente e com maiores acumulado”, disse a meteorologista Desirée Brandt.

Vazio sanitário

O vazio sanitário é o período contínuo, de no mínimo 90 dias, em que não pode plantar nem manter vivas plantas de soja em qualquer fase de desenvolvimento na área determinada. O objetivo é impedir o desenvolvimento da ferrugem asiática, uma das mais severas doenças que atingem as lavouras e provoca enorme destruição na produção da soja.

De acordo com o cronograma estabelecido pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA), Paraná e Rondônia foram os primeiros Estados a terminarem o vazio sanitário no último sábado (11/09) e hoje, dia 15/09, é a vez de Amazonas, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Pará, São Paulo. Na segunda quinzena do mês, será a vez de Acre, Santa Catarina, Goiás, Piauí, Bahia, Distrito Federal, Maranhão, Minas Gerais e Tocantins.

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