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Com ILPF, fazenda eleva produção em mais de 1000%

Com ILPF, fazenda eleva produção em mais de 1000%Estratégia aumento produção de gado e diversificou a renda da propriedade. Foto:Reprodução/CNA

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Por André Garcia

Quem vê a Fazenda Santa Brígida hoje pode não acreditar, mas há quase 20 anos sua área era marcada pelas pastagens degradadas e pela baixa produtividade na pecuária – a agricultura, sequer existia. Este cenário começou a mudar em 2006, quando Marize Porto Costa assumiu a gestão: de lá para cá a produção de carne cresceu 1156%, a soja e o milho floresceram e a madeira foi incluída em uma bem-sucedida cadeia de negócios.

Tudo isso, graças à integração lavoura-pasto-floresta (ILPF), estratégia que combina atividades e permite produção contínua ao longo do ano, reduzindo períodos de ociosidade do solo. Ao Gigante 163, Marize explica que contou com auxílio da Embrapa para contornar o alto custo que a recuperação da área exigiria a partir de outras práticas, garantindo assim uma mudança nos rumos da prporiedade, localizada em Ipameri (GO).

“A proposta era recuperar as pastagens por meio da integração do capim com as lavouras, onde a agricultura financiaria a recuperação dos pastos. Iniciamos a implantação das primeiras lavouras de soja e milho consorciado com capim, colhemos e vendemos os grãos, e, ao final, obtivemos pastagens de alta qualidade sem custos adicionais”, conta.

Marize Porto Costa contou com assistência da Embrapa e da Rede ILPF. Foto: CNA

O resultado foi um aumento de 800% na lotação do gado no pasto, que de 0,5 unidade animal por hectare (UA/ha) em 2006, passou a comportar 4 UA/ha em 2016 e chegou a 4,5 UA/ha em 2023. Os dados fazem parte de relatório da Rede ILPF, outra entidade parceira da Santa Brígida, e mostram que a produção de carne passou de 75 quilos por hectare, em 2006, para 942 quilos por hectare em 2023.

“Embora os custos de produção tenham sofrido ajustes ao longo dos anos devido a fatores econômicos, o ILPF continua sendo um diferencial na redução dos custos da pecuária. A eficiência na utilização dos recursos, a melhoria na qualidade das pastagens e a diversificação das atividades contribuem para a manutenção de custos competitivos”, defende Marize.

A produção agrícola, antes incipiente, também vai muito bem. Nos últimos anos a safra de milho passou de 2.7 para 4.4 toneladas por hectare, enquanto a da soja saiu de 5.4 para 11 toneladas por hectare. Tanto o volume quanto a qualidade dos grãos têm a ver com a rotação entre as lavouras e a pastagem, responsável por melhorar a ciclagem de nutrientes no solo. Não à toa, Marize segue confiante nesta prática de manejo.

“A pecuária alcançou uma capacidade de lotação e uma produtividade excelentes por hectare ao ano. As lavouras de soja e milho também registraram incrementos, com produtividades médias de sacas por hectare, excelentes. Esses resultados refletem o compromisso contínuo com a inovação e a sustentabilidade”, pontua.

Fazenda Santa Brídiga Antes da implementação da ILPF. Foto: Arquivo/Rede ILPF

Valor agregado à carne e à madeira

Para otimizar ainda mais o uso de recursos e diversificar as fontes de renda, o componente florestal foi incorporado ao sistema em 2009, com o plantio de eucalipto. Além de fornecerem madeira, o que representa mais um ganho econômico, as árvores garantem o conforto térmico do gado e fixam o carbono no solo. Por isso, segundo a produtora, a fazenda tem focado agora em agregar valor à carne e à madeira.

“Intensificamos a produção de soja e milho por meio da adoção de tecnologias avançadas e manejo integrado. Na pecuária, investimos na produção de carne de alta qualidade, com certificações que nos permitiram acessar mercados premium. No componente florestal, além da produção de madeira, estamos explorando oportunidades na geração de créditos de carbono, agregando valor adicional”, diz.

Soma-se a todos estes benefícios o ganho social, já que a ILPF permitiu a contratação e capacitação de mais funcionários. “Investimos em programas de treinamento e desenvolvimento, resultando em uma equipe capacitada para operar tecnologias avançadas e práticas sustentáveis. O perfil da mão de obra tornou-se mais técnico, com habilidades em manejo integrado, agricultura de precisão e gestão ambiental.”

 

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