Por André Garcia
Um estudo da Embrapa aponta que as mudanças climáticas devem agravar 46% das doenças que afetam lavouras no Brasil até o fim do século. A elevação da temperatura e a alteração nos regimes de chuva também tendem a reduzir a eficácia de defensivos químicos e biológicos, dificultando o controle das pragas no campo.
Para enfrentar esse cenário, os pesquisadores Franscislene Angelotti, Emília Hamada e Wagner Bettiol, autores do estudo “Uma Revisão Abrangente sobre as Mudanças Climáticas e as Doenças de Plantas no Brasil”, apresentam dez medidas estratégicas que podem ajudar o produtor a se adaptar à nova realidade.
Veja a seguir:
Análise de risco
Identificar as doenças mais prováveis de ocorrer em cada região com base no clima atual e futuro. A previsão pode ser feita com mapas de distribuição climática e testes de campo direcionados.
Prevenção
Evitar a entrada de novos patógenos nas lavouras por meio de boas práticas e controle de insumos. Sementes certificadas, mudas sadias e higiene no maquinário são medidas essenciais.
Adaptação
Adotar cultivares tolerantes, agentes biológicos resistentes ao calor e tecnologias integradas. Essas ações ajudam a manter a produtividade mesmo com chuvas irregulares e ondas de calor.
Manejo sustentável e serviços ecossistêmicos
Investir em biodiversidade no sistema produtivo, com foco na saúde do ambiente agrícola. Cobertura vegetal, policultivos e corredores ecológicos reduzem a pressão das doenças.
Agricultura regenerativa
Recuperar o solo para favorecer o controle natural de pragas e o equilíbrio biológico. Resíduos culturais, minhocas e microrganismos ajudam a reduzir a incidência de fungos.
Monitoramento e vigilância
Estabelecer rotinas para identificar os primeiros sinais de doenças nas lavouras. Tecnologias como drones e sensores já são usadas para antecipar surtos e direcionar ações.
Cooperação internacional
Fortalecer parcerias entre países para prevenir a disseminação de patógenos exóticos. Troca de dados e ações coordenadas evitam a entrada de pragas ainda não presentes no país.
Pesquisa multidisciplinar
Unir diferentes áreas do conhecimento para entender a interação planta–clima–patógeno. Essa abordagem permite desenvolver soluções integradas e mais eficazes no campo.
Compartilhamento de dados
Criar redes para divulgar com rapidez informações sobre surtos e boas práticas de manejo. Isso facilita respostas ágeis dos produtores e técnicos diante de novas ameaças sanitárias.
Políticas públicas e investimento
Desenvolver leis e programas voltados à proteção das lavouras diante do novo clima. O estímulo ao uso de bioinsumos e ao monitoramento climático é parte dessa estratégia.
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