As mulheres vêm conquistando cada vez mais espaços em áreas que anteriormente eram exclusivas do sexo masculino. O agronegócio é uma delas. Dados do último Censo Agro, realizado pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) em 2017 e divulgado em 2019, demonstram isso.
Segundo o estudo, o número de mulheres responsáveis pela gestão de propriedades rurais corresponde a 19% no país, com 946.075 unidades de um total de 5.073.324 estabelecimentos agropecuários – trata-se de um crescimento de 38% em relação ao Censo de 2006, indicando uma tendência de alta que pode se repetir nos próximos levantamentos.
Um das pioneiras no setor, Teka Vendramini, primeira mulher a presidir a Sociedade Rural Brasileira (SRB), falou sobre o crescimento da participação feminina no Agro, no Agrishow Experence, nesta semana.
“Sobre as mulheres que estão se formando, se qualificando para virem (para o agro), eu queria dizer uma frase que é a seguinte: ‘com as mulheres no poder, as meninas voltam a sonhar’. Então, meninas, estou esperando vocês”.
Pecuarista e socióloga, Teka é a terceira geração de sua família a atuar no agronegócio. Ela trabalha com melhoramento genético, qualidade de pastagem e bem-estar animal e está na lista “100 Mulheres Poderosas do Agro”, que a revista “Forbes” divulgou no último final de semana.
Com atuação em várias áreas, a seleção feminina da revista de economia contempla advogadas, pecuaristas, biólogas, pesquisadoras, veterinárias, entre muitas outras profissões, embora o Censo Agro demonstre que 50% das atividades econômicas das administradoras estão relacionadas à pecuária e criação de outros animais, 32% à produção de lavouras temporárias e 11% à produção de lavouras permanentes.
A diversidade de atuações revela que as mulheres estão presentes na produção de alimentos , na academia, na pesquisa, nas empresas, em foodtechs, em consultorias, em instituições financeiras, na política, nas entidades, nos grupos de classe e, evidentemente, nas redes sociais.
Do nosso Estado, a “Forbes” destacou a pecuarista Carmen Perez, a advogada Emanuele de Almeida, a zootecnista Fernanda Macitelli Benez e a produtora de soja Norma Rapelotto Gatto.
A revista evidencia a militância de Carmen Perez na causa de bem-estar animal. Segundo a revista, ela lança ainda neste mês de outubro o documentário “Quando ouvi a voz da terra”, no qual mostra os caminhos para a transformação das propriedades rurais, das pessoas e das relações estabelecidas no manejo pecuário.
Como presidente do Indea-MT (Instituto de Defesa Agropecuária de Mato Grosso ), um dos organismos de controle sanitário mais importantes do país por monitorar o maior rebanho bovino brasileiro (30,9 milhões de animais), Emanuele de Almeida não poderia ficar de fora da lista das “poderosas do agro”.
Fernanda Macitelli Benez é destaque por seu papel também de defesa do bem-estar animal e como educadora, uma vez que ela é orientadora de teses na Universidade Federal de Mato Grosso e fiel discípula de grande nome da ciência, o professor Mateus Paranhos.
Já Norma Rampelotto Gatto, como afirma a revista, “não comanda entidades, não é pesquisadora e nem ganhou algum prêmio espetacular”. Ela está na lista por ter transformado as três propriedades em referência de gestão e produção, após a morte do marido. Norma é uma das 947 mil mulheres que, segundo o IBGE, comandam sozinhas fazendas por todo o país.
Setor de macho
“Para a mulher no agro, a maior dificuldade é ter credibilidade, sendo necessário provar o tempo todo que você é capaz e que sabe o que está fazendo. É necessário apostar na qualificação profissional, além de participar de palestras, seminários e cursos. Assim, com resiliência e perseverança, a presença feminina no setor agropecuário brasileiro deve crescer ainda mais e ‘mostrar a que veio’”, afirma Mônica Marchett.
Empresária do ramo agropecuário especializada em melhoria genética e criação extensiva de nelores, Marchett destaca que as mulheres que atuam no agronegócio têm de saber lidar com uma série de desafios, considerando o cenário predominantemente masculino.
Ela, porém, acredita que a participação feminina tende a crescer cada vez mais no setor agropecuário brasileiro.
“As transformações na forma de gestão do agronegócio e a expansão da tecnologia são alguns dos elementos responsáveis pelo maior interesse das mulheres no mercado agropecuário. E isto deve se intensificar, consoante com o salto tecnológico que veio com a crise sanitária e a busca por novos caminhos na vida profissional de muitas mulheres”, diz.
No Mundo
Em nível mundial, a presença feminina no agro chega a 43% da força de trabalho rural, conforme dados da FAO (Food and Agriculture Organization of the United Nations) – Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura, na sigla traduzida para o português.
A agência da ONU também indicou que, atualmente, 60 milhões de mulheres trabalham no campo na América Latina e Caribe, sendo responsáveis pela produção de 60% a 80% dos alimentos consumidos na região.
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Com informações do Estadão Conteúdo