Por André Garcia
De ração, cosmético e papel, passando por combustível e adesivos, o milho brasileiro serve muito mais que o cuscuz nosso de cada dia. Além de colocar o País na liderança do mercado internacional, ele pode impulsionar os esforços que agronegócio e governo vêm fazendo para a consolidar cadeias produtivas mais sustentáveis.
O alto potencial de cultivo, seja pelo apelo comercial ou para subsistência, já é conhecido pelo produtor rural. O Brasil deve produzir 124,8 milhões de toneladas de milho na safra 2022/23, um aumento de 10,4% em relação à safra anterior, que foi de 113,1 milhões de toneladas, de acordo com a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab).
Os números mostram o rápido crescimento do setor em poucos anos. Em 2021, por exemplo, o país enviou para o exterior 20,4 milhões de toneladas de milho. Já em 2022, o volume foi de 43,6 milhões de toneladas.
Não à toa, conforme a Confederação Nacional da Agricultura (CNA), o Brasil é o único país entre os grandes produtores a colher três safras e, consequentemente, produzir milho o ano todo. De setembro a dezembro, os produtores plantam a safra de verão, de janeiro a abril a de inverno e de abril a junho a tardia, em regiões do Norte e do Nordeste.
Do lado do consumidor, a fama se deve às receitas típicas, que ganham força neste mês com o apelo das festas juninas. O que a maioria das pessoas não deve saber é como o cereal se mostra versátil e viável a diferentes setores, fazendo girar a roda da economia para muito além das mesas de quitutes.
Pensando nisso, o Gigante 163 separou alguns usos dados ao cereal que podem surpreender. Confira:
Alimentação animal
O cereal também tem papel fundamental na alimentação animal. Segundo a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), entre 60% e 80% do volume de milho produzido no país é destinado à nutrição de bovinos, suínos e aves.
Produção de biocombustível
Frente ao crescente movimento por sustentabilidade nas cadeias produtivas, a cultura pode assumir o protagonismo também na produção de biocombustível, já que o milho é usado na produção de etanol. Por meio do processo de fermentação, o grão é convertido em combustível, contribuindo para a matriz energética sustentável do Brasil e reduzindo a dependência de combustíveis fósseis.
Segundo projeção da União Nacional do Etanol do Milho (Unem), na safra 2023/24 o Brasil deve produzir 6 bilhões de litros, o que representa cerca de 19% de todo o etanol consumido no país.
Indústria
O cereal é matéria-prima para uma variedade de produtos industriais. A Associação Brasileira de Indústria de Milho (Abimilho) mostra que seu amido é utilizado na produção de papel, adesivos, têxteis e plásticos biodegradáveis. Além disso, seu óleo o é essencial na indústria alimentícia, cosmética e farmacêutica, enquanto a fibra de é usada em produtos de limpeza e construção civil.
Produção de biomassa
De acordo com a Embrapa, o milho também tem um papel importante na geração de biomassa. Seus resíduos, como palha e sabugo, podem ser utilizados na produção de energia térmica e elétrica, através de processos de queima e gaseificação. Isso contribui para a diversificação da matriz energética e a redução das emissões de gases de efeito estufa (GEE).
A estratégia foi citada pelo presidente, Luiz Inácio Lula da Silva, e pela ministra do Meio Ambiente e Mudança Climática, Marina Silva, em discursos feitos durante o lançamento do Plano de Ação para Prevenção e Controle do Desmatamento na Amazônia Legal (PPCDAm).
Alimentação humana
Embora esta seja a utilização mais comum, é importante destacar que o milho está na base da culinária nacional, sendo fundamental no preparo de pratos como curau, bolo e pamonha. Logo, suas alternativas de uso como matéria-prima na fabricação de subprodutos o torna um alimento indispensável para a segurança alimentar não só no Brasil, mas em todo o mundo.
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