Por André Garcia
Para garantir um futuro melhor para a família, Regis Adriano Desordi Porazzi deixou o Rio Grande do Sul e chegou em Tapurah (MT) em 2003, onde se estabeleceu como produtor de soja. Depois de duas décadas de muita luta, hoje ele vê no filho, Pedro Massafra Porazzi, de 22 anos, a garantia de que o trabalho duro e os valores que moldaram sua trajetória no agronegócio terão continuidade.
A história reflete um movimento de jovens que, ao invés de abandonar o campo, ajudam a modernizar a gestão das propriedades. Com o avanço da tecnologia e da sustentabilidade no setor, eles têm nas mãos a chave para transformar a forma de produzir, torná-lo mais competitivo e adaptado às exigências do mercado.
“Ele [Pedro] traz juventude, novas ideias e energia, e isso é fundamental para o futuro do que estamos construindo. Ver que ele está seguindo os passos que dei, e continuar a história, me dá um grande orgulho”, contou Regis à Associação dos Produtores de Soja e Milho (Aprosoja-MT).
Apesar de todos os desafios que a atividade oferece, a sucessão familiar sempre foi um objetivo claro para ambos. De acordo com Pedro, esse processo aconteceu de forma natural, já que desde a infância esteve inserido nas rotinas da fazenda. Pouco a pouco, seu papel foi crescendo.
“Eu digo que é de sangue esse amor, porque eu sou a quinta geração da família que segue esse caminho, o ramo da agricultura, o ramo de produzir alimento para o mundo, de botar comida no prato das pessoas e é um prazer imenso fazer esse trabalho e seguir os caminhos do meu pai”, afirma.
Desde criança Pedro já estava envolvido nas atividades da fazenda. Foto: Reprodução/Aprosoja
Preparo é fundamental
Embora no País as propriedades familiares correspondam a aproximadamente 90% das propriedades rurais produtivas, a sucessão familiar ainda enfrenta desafios. Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), 30% destes empreendimentos chegam à segunda geração, e apenas 5% chegam à terceira geração.
O caso de Regis e Pedro representa uma estratégia fundamental para melhorar esse índice, já que o envolvimento dos herdeiros tanto nas práticas produtivas quanto na gestão administrativa e financeira é fundamental para a transição. Não menos importante é a capacitação e a formalização do processo sucessório.
“Os pais precisam mostrar a realidade para os filhos, que nem tudo é mil maravilhas, nem tudo vem de graça, tudo tem um preço a ser pago. E o agronegócio é assim, tem seus altos e baixos, tem muitas frustrações de safras, muitas variações de preços e é preciso estar preparado para enfrentar os obstáculos que surgem”, afirma Pedro.
Legado
Para a família Porazzi, o agro significa mais do que um trabalho, representando também uma responsabilidade, um compromisso com a terra e com as futuras gerações. Não à toa, Regis tem a certeza de que o legado familiar e os princípios que sustentam o agronegócio de Mato Grosso terão continuidade.
“Eu espero que a nossa história seja lembrada por muitas gerações e que, no futuro, nossos netos e bisnetos sigam o mesmo caminho”, diz Regis.
Se depender de Pedro, é exatamente isso que vai acontecer. Seu objetivo é trazer a família para dentro da fazenda no futuro, fazendo com que os filhos sigam o mesmo caminho que ele, seu pai, seu avô e seu bisavô.
“Eu acho que quando você é criado no meio rural, junto ao negócio da família, você já tem um horizonte, já tem um caminho a ser seguido. E o mais importante disso é a experiência que você aprende seguindo os passos do teu pai ao lado dele. Meu pai é o maior exemplo que eu tenho”, conclui o jovem.
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