Por André Garcia
Depois de quase 90 dias sem plantar, por conta do vazio sanitário, os produtores de soja do Centro-Oeste intensificam os preparativos para a próxima safra. No período, é proibido plantar e manter vivas plantas em qualquer fase de desenvolvimento, o que garante o controle da ferrugem asiática, causada pelo fungo Phakopsora pachyrhizi.
Para a definição das datas, o Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa) considera as condições climáticas, bem como as sugestões encaminhadas pelos estados. Em Mato Grosso, a semeadura está autorizada a partir de 6/9, enquanto em Mato Grosso do Sul, a partir de 15/9 e em Goiás, a partir de 24/9.
Como já mostramos, o fenômeno La Niña tem 66% de chances de ocorrer, entre setembro e novembro deste ano. Isso faz com que, após um longo período de El Niño, a atenção dos agricultores esteja voltada para os possíveis impactos desse outro fenômeno climático e para a necessidade de preparação para o bom estabelecimento das lavouras.
Embora haja previsão de chuva para o mês de setembro, ela deve chegar de forma irregular. Foi o que explicou recentemente ao Gigante 163 a meteorologista do Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet), Andrea Ramos, ao destacar que para a próxima estação a tendência é que os índices continuem abaixo da média.
Calendário de semeadura
Além do calendário de vazio, o Ministério também divulga o calendário de semeadura, que é adotado como medida fitossanitária complementar, de forma opcional. Em MT, o cronograma prevê que o plantio de estenda de 7/9 de 2024 a 7/1 de 2025; em MS, de 16/9 de 2024 a 31/12 de 2024, e em Goiás, de 25/9 de 2024 a 2/1 de 2025.
Implementada no Programa Nacional de Controle da Ferrugem Asiática da Soja (PNCFS) a ação visa à racionalização do número de aplicações de fungicidas e a redução dos riscos de desenvolvimento de resistência da ferrugem asiática da soja às moléculas químicas utilizadas no seu controle.
Ferrugem asiática
A ferrugem asiática é uma doença causada pelo fungo Phakopsora pachyrhizi, um micoparasita que depende da presença de hospedeiros para completar seu ciclo de vida. O principal dano ocasionado pelo fungo é a desfolha precoce, que impede a completa formação dos grãos, com consequente redução da produtividade da soja.
As principais práticas de manejo da doença são de caráter preventivo e devem ser realizadas conjuntamente. Dentre elas, se destacam o respeito ao vazio sanitário; a escolha do cultivar e da época de semeadura (calendarização), além do controle químico através do uso de fungicidas foliares.
As duas primeiras são medidas fitossanitárias para racionalização do número de aplicações de fungicidas, os quais são responsáveis pelos maiores impactos ambientais.
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