Por André Garcia
Solução para os crescentes custos de produção e instabilidade do clima, a Integração Lavoura-Pecuária-Floresta (ILPF) deve avançar entre pequenos e médios produtores. Impulsionada pela tecnologia, a transição pode driblar a falta de recursos e é defendida por especialistas como estratégia para aumentar os ganhos desta camada do agro.
Segundo o técnico da Embrapa, Gabriel Ragalzi, a integração leva junto o interesse por ferramentas digitais. Responsável pela reestruturação de sítios do assentamento Rio Feio, em Guia Lopes da Laguna (MS), ele vem testemunhando o impacto gerado pela melhora na conectividade e capacitação dos produtores para a adoção da ILPF.
“É incorreto acreditar que só as grandes propriedades dotadas de maquinário e implementos podem se beneficiar com o manejo integrado. Mesmo sem esses equipamentos as pequenas propriedades também podem melhorar sua rentabilidade, destaca Ragalzi.
Isso não significa que o trabalho abriu mão da digitalização. Graças à parceria dos agricultores com a Embrapa e a Rede ILPF, as áreas onde Gabriel atua foram selecionadas a partir de dados obtidos por meio de sensoriamento remoto utilizado para monitoramento da mudança do uso da terra.
Diante disso, o pesquisador da Embrapa Pantanal, Urbano Abreu, defende que a ILPF seja melhor estudada entre pequenos e médios produtores. Especialista em gestão de sistemas de produção, ele acredita que a agricultura digital pode ampliar o acesso a políticas públicas e resultar na criação de um selo de sustentabilidade para a região.
“A possibilidade de usar tecnologias de TI e outras tecnologias que temos acompanhado aqui no Pantanal se adequam [às necessidades] do pessoal que está aqui na região. Isso faz com que possamos propor coisas novas, principalmente em termos de políticas públicas e gestão”, pontuou.
Resultados comprovados
Um exemplo da combinação de ILPF e tecnologia vem do sítio Nossa Senhora Aparecida, que fica no assentamento. Vocacionada à produção de mel, a propriedade mensura os dados da atividade por meio de aplicativo que gera planilhas específicas sobre cada colmeia, mostrando a produção e as necessidades de cada uma.
“A internet com melhor velocidade possibilita a gente estudar, trabalhar, vender e fazer pesquisas em outras áreas que podem ampliar [os resultados] como a publicidade do sítio e uma comunicação mais eficiente para as vendas”, avalia Paulo Soares, de 22 anos, que ajuda ao lado dos pais e da irmã vem implementando a ILPF na propriedade.
Na região, a pastagem degrada também foi recuperada e deve estar pronta para o gado neste mês. Isso, além de reduzir emissões de gases de efeito estufa, retém a água no solo, o que deve melhorar a qualidade dos nutrientes disponíveis para as plantas e aumentando sua resiliência diante dos desafios climáticos que aumentam a cada ano.
“A ILPF permite a gestão mais eficiente dos recursos naturais. São coisas que se complementam e no fim, todo mundo sai ganhando. O produtor consegue diversificar a renda ao mesmo tempo em que toda a paisagem regional consegue se adaptar às mudanças climáticas”, acrescenta o pesquisador Ivan Bergier, que também atua ali.
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