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Intensificação sustentável da pecuária no Brasil é possível

Intensificação sustentável da pecuária no Brasil é possívelPecuária pode avançar sem expandir área de pastagem. Foto: Acrimat

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Por André Garcia

Em 2022 as pastagens cultivadas no Brasil produziram cerca de 3,18 gigatoneladas de biomassa, a matéria orgânica utilizada para alimentar o gado. O número faz parte de levantamento divulgado pelo MapBiomas recentemente e representa em média, 19,5 toneladas de forragem por hectare, indicando a possibilidade de se aumentar a quantidade de animais sobre estas áreas de forma eficiente e sustentável.

Isso porque é a produção de forragem que determina a quantidade de animais suportada na pastagem. Ou seja, quanto maior sua produção, maior o potencial de lotação animal sem comprometer o equilíbrio do solo e da vegetação. Assim, os dados deixam claro que além de intensificar a produção bovina sem abrir novas áreas, o País ainda pode liberar o pasto para outros usos, como o agrícola.

“O que estes dados estão mostrando é que tem como pensar em intensificação sustentável da pecuária no Brasil. Várias localidades poderiam aumentar a lotação bovina”, afirmou o coordenador da equipe de pastagens do MapBiomas, professor Laerte Ferreira, ao lembrar que, a Amazônia, por exemplo, registrou o maior índice de biomassa, com 25 toneladas por hectare.

Em entrevista coletiva o professor explicou ainda que em 2022 os animais presentes em áreas de pastagens cultivadas eram de aproximadamente 209 milhões de unidades animais (UA), sendo 1 UA equivalente a 450.

“Se imaginarmos que uma cabeça de gado de 450 kg, mantida exclusivamente a pasto, precisaria de cerca de oito toneladas de pastagem ao longo do ano, percebemos que a produção de forragem por hectare é maior que essas 8 toneladas. Então, os números sugerem que pode aumentar a lotação nessas áreas de pastagem”, pontuou.

Avanço da pecuária

Segundo o levantamento, o Brasil possui cerca de 164 milhões de hectares de pastagens mapeadas, representando 60% da área total dedicada à agropecuária. O número reflete um crescimento expressivo de 79% desde 1985, quando as pastagens ocupavam 92 milhões de hectares.

Atualmente, o uso para pastagens é a principal forma de ocupação antrópica no território brasileiro, sendo predominante na Amazônia (36% ou 59 milhões de hectares) e no Cerrado (31% ou 51 milhões de hectares), que juntos concentram dois terços das áreas de pastagens.

Conversão

A pesquisa revela que a conversão de áreas de pastagens para outros usos é crescente em todos os biomas. No Cerrado, 35 milhões de hectares foram convertidos desde 1985.Mais recentemente, 42% das conversões no Cerrado e 40% na Amazônia ocorreram na última década.

Além disso, as áreas de pastagens formadas desde 2000 mostram uma preocupação ambiental: 80,5% delas derivam de florestas e formações naturais, sendo a maioria destinada a pastagens de médio e baixo vigor.

Apesar disso, há sinais de recuperação no manejo de pastagens. Entre 2000 e 2023, o Brasil apresentou um ganho líquido de 10,5% no vigor das pastagens. Cerca de 43,2 milhões de hectares tiveram melhora na qualidade da vegetação, contra 15,3 milhões de hectares que registraram queda.

Sustentabilidade e manejo eficiente

O mapeamento das pastagens, aliado à avaliação de sua capacidade de suporte, é uma ferramenta fundamental para práticas mais eficientes e sustentáveis na pecuária. A intensificação sustentável não apenas aumenta a produtividade, mas também reduz a pressão pela abertura de novas áreas, preservando ecossistemas naturais.

Com dados detalhados sobre a qualidade e a conversão de uso das pastagens, o MapBiomas reforça a importância de decisões baseadas em ciência para promover uma pecuária que combine produtividade e preservação ambiental, apontando caminhos promissores para o setor agropecuário no Brasil.

 

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