A pesquisadora da Empresa Mato-grossense de Pesquisa, Assistência e Extensão Rural (Empaer) Dolorice Moreti divulgou relatório de trabalhos realizados com a cultura da mandioca em Mato Grosso nos últimos 10 anos (2012 a 2022). Foram avaliados, no período, 80 materiais genéticos da cultura da mandioca de mesa (consumo in natura) e indústria – da polpa branca, amarela e as biofortificadas.
Executado nos municípios de Tangará da Serra, Acorizal e Cáceres, o estudo tem a finalidade de auxiliar os técnicos e produtores rurais no planejamento da cultura do plantio à colheita e ao processamento da mandioca.
Durante a pesquisa, foram avaliados alguns sistemas de produção, como, por exemplo, o efeito de adubação verde (leguminosas), posição e quantidade de manivas na produtividade da mandioca.
A pesquisadora explica que também foram avaliados os resultados da produtividade, teor de amido para os materiais de mesa e indústria e o tempo de cozimento para a mandioca usada in natura.
“Os testes de cozimento foram feitos com variedades no período de 7 a 12 meses, após o plantio da mandioca, para verificar o seu tempo cozimento, com o objetivo de planejar o plantio e a colheita”, enfatiza Dolorice.
Variedades indicadas
Algumas variedades foram apontadas como as mais indicadas para o plantio. As de polpa branca e de mesa: Buriti, Igarapé Vermelha, Pão, Cacau e Juína Rama Clara. Para o cultivo da mandioca de polpa amarela, são indicadas as variedades Taquara Amarela, IAC 576-70 e Amarela de Quatro Marcos. Para a indústria (polpa branca): Olho Junto, Amarga, Enita Brava, Vassourinha de Rondonópolis e Cuiabá.
Os materiais genéticos avaliados e mais promissores ultrapassam 20 toneladas por hectare. Os materiais do banco genético avaliados são oriundos da Embrapa (Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária), Instituto Agronômico de Campinas (IAC) e de produtores do Estado de Mato Grosso.
Fonte de renda
A cultura da mandioca é considerada a segunda mais importante da cadeia produtiva no Estado, ficando atrás apenas da pecuária de leite. Representa importante atividade socioeconômica, gerando emprego e renda tanto nas áreas rurais – no processo de produção e industrialização – como nas áreas urbanas, por meio da comercialização. Atualmente, é produzida em todos os municípios mato-grossenses e está presente nas pequenas propriedades rurais como fonte alimentar da família e para criação de animais.
Para que a cultura se torne competitiva e viável aos produtores, a pesquisa no campo trabalhou com práticas conservacionistas, correção, adubação e recuperação dos solos, avaliação dos materiais genéticos e irrigação.
“É necessário o avanço da tecnologia, com assistência técnica, disponibilidade de crédito para investimentos, custeio da mecanização e de materiais genéticos produtivos para cada finalidade, seja na produção da mandioca in natura ou para a industrialização”, destaca Dolorice.
Área plantada
Atualmente, Mato Grosso possui uma área plantada de 18.440 hectares, com uma produção de 270 mil toneladas de raízes e uma produtividade média de 14.784 toneladas por hectare (IBGE/2022).
A pesquisa analisou os materiais genéticos, de maneira a atender os interesses e necessidades do produtor rural no cultivo da mandioca, oferecendo alternativas de sistemas de produção, bem como de irrigação, cultivo mecanizado, para indústria, mesa, in natura e processada.
“Nos últimos 10 anos, houve uma redução da área colhida de mandioca de 24,74% e 23,05% na produção total de raízes, com um pequeno incremento na produtividade de 2,25 % (IBGE, 2022). Este fato pode estar relacionado a diversas causas, como ausência de materiais mais produtivos, ramas de boa qualidade e ausência da implementação de políticas voltadas à cadeia produtiva com incentivo desde o preparo do solo até a comercialização de produtos in natura ou processados”, afirma a pesquisadora.
De onde vem
A pesquisadora destaca que atualmente uma grande parte da farinha comercializada na Baixada Cuiabana é proveniente do Acre, Sergipe e Rondônia, enquanto as ramas para plantio estão sendo trazidas do Mato Grosso do Sul, Goiás e São Paulo.
Diante deste cenário, o trabalho enfoca a necessidade de avançar no desenvolvimento da cadeia da cultura da mandioca, por apresentar condições edafoclimáticas (características do meio ambiente, como: clima, o relevo, a litologia, a temperatura, umidade do ar, radiação, tipo de solo, vento, composição atmosférica e a precipitação pluvial) para o cultivo, e se tornar um grande produtor, para que atenda às necessidades de consumo interno e do exportador de produtos industrializados.
Clique aqui para acessar a publicação da pesquisadora Dolorice Moreti.
O material também está disponível no site da Empaer, no menu “Publicações”.
Fonte: Governo de Mato Grosso