Por André Garcia
Diante da falta de chuvas e das ondas de calor que vem obrigando grande parte dos produtores de soja a ressemear áreas, o Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa) alterou o calendário de semeadura de soja para a safra de 2023/2024
As alterações foram solicitadas pelo setor produtivo e Agências Estaduais, em função do atraso na semeadura e prejuízos decorrentes da estiagem durante o início da safra nestas localidades..
No Matro Grosso, a seca é tão grave que levou 27 municìpios a decretarem situação de emergência. Em alguns deles, as estimativas de perdas nas lavouras provocadas pelo climavariam entre 20% e 50%.
A Aprosoja-MT reforça que a necessidade de ressemeadura neste período do ano diz respeito ao clima e que a ampliação do prazo permitirá aos produtores continuar a tentativa de plantio para evitar maiores prejuízos.
Em Mato Grosso e Mato Grosso do Sul o novo período vai até 13 de janeiro de 2024 – o que significa um aumento de 20 dias em cada estado em relação a data anteriormente estabelecida.
Já em Goiás, o aumento no prazo foi de 10 dias. O prazo, que antes era 2 de janeiro de 2024, estendeu-se até o dia 12 de janeiro. A medida também estabelece novas datas para os estados do Pará, Piauí, Tocantins e Acre.
Queda na produtividade
O produtor Erick guimarães, de Rio Verde-GO, antecipou a colheia de soja por conta das altas temperaturas. Em vídeo compartilhado no Instagram ele estima uma perda entre 70% a 80%.
“Essa área a gente ia fazer média de 75 a 82 sacas por hectare e a realidade hoje é essa aqui, a gente tá jogando colher aqui e 10 a 15 sacos por hectare”, disse.
No maior produtor do País, Mato Grosso, até o dia 18 de dezembro de 2023, a previsão era que 5,81% da área total de soja precisava ser ressemeada. Os números são do Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária (Imea) e representam mais de 704 mil hectares de um total de 12,13 milhões de hectares destinados à soja no Estado.
Conforme pesquisa feita pela Aprosoja-MT em dezembro de 2023, esta safra será cerca de 20% menor que a anterior. A redução é pautada pela baixa produtividade, que está prevista em 49,68 sacas por hectare, contra 62,3 sacas por hectare na safra 2022/23.
Já a produção deve ser de 36,15 milhões de toneladas, 9,16 milhões a menos que na safra anterior. A queda na produção, entretanto, pode ser ainda maior, pois já há relatos de produtores com produtividade abaixo de 20 sacas por hectare.
Ferrugem Asiática da Soja
O calendário de semeadura é adotado como medida fitossanitária complementar ao período de vazio sanitário, com objetivo de reduzir ao máximo possível o inóculo da ferrugem asiática da soja.
Implementada no Programa Nacional de Controle da Ferrugem Asiática da Soja (PNCFS), a medida racionaliza as aplicações de fungicidas e reduz os riscos de que o fungo Phakopsora pachyrhizi desenvolva resistência aos produtos usados no seu combate.
A Ferrugem Asiática é considerada uma das doenças mais severas que incidem na cultura, podendo ocorrer em qualquer estádio fenológico. Nas diversas regiões geográficas onde a praga foi relatada em níveis epidêmicos, os danos variam de 10% a 90% da produção.
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