O metano é quatro vezes mais sensível ao aquecimento global do que se pensava anteriormente. A conclusão é de um novo estudo publicado na revista científica “Nature Communications” e pode colocar ainda mais pressão sobre a importância de uma agropecuária sustentável.
O documento revela que o tempo que o gás metano, um dos mais potentes causadores do efeito estufa, resiste na atmosfera e aumenta na medida em que a temperatura média global aumenta, criando assim um ciclo vicioso de aquecimento.
O resultado do estudo ajuda assim a explicar o rápido crescimento do metano nos últimos anos, que não diminuiu nem na pandemia.
O crescimento do metano – que em um período de 20 anos é mais de 80 vezes mais potente que o dióxido de carbono – vinha desacelerando desde a virada do milênio, mas desde 2007 sofreu um rápido aumento.
Segundo os autores do estudo, o aquecimento recente do planeta está retardando o processo de degradação do metano na atmosfera, o que traz implicações bastante sérias para os esforços globais contra a mudança do clima.
“Foi um resultado realmente chocante e destaca que os efeitos das mudanças climáticas podem ser ainda mais extremos e perigosos do que pensávamos”, observou Simon Redfern, da Universidade Tecnológica de Nanyang (Cingapura), ao Guardian.
De onde vem as emissões de metano?
Cerca de 40% das emissões de metano vêm de fontes naturais, como pântanos, enquanto 60% vêm da pecuária, extração de combustíveis fósseis e aterros sanitários.
Possíveis explicações para o aumento das emissões de metano vão desde a expansão da exploração de petróleo e gás natural, o aumento das emissões da agricultura e aterros sanitários.
O que incêndios florestais têm a ver com esse aumento?
Existe outra explicação para o aumento de gás metano na atmosfera. A maneira predominante pela qual o metano é “limpo” é através da reação com radicais hidroxila (OH) na atmosfera.
“O radical hidroxila foi chamado de ‘detergente’ da atmosfera porque trabalha para limpar a atmosfera de gases nocivos”, disse Redfern.
Mas os radicais hidroxila também reagem com o monóxido de carbono, e um aumento nos incêndios florestais pode ter bombeado mais monóxido de carbono na atmosfera e alterado o equilíbrio químico.
“Em média, uma molécula de monóxido de carbono permanece na atmosfera por cerca de três meses antes de ser atacada por um radical hidroxila, enquanto o metano persiste por cerca de uma década. Portanto, os incêndios florestais têm um impacto rápido no uso do ‘detergente’ hidroxila e reduzem a remoção de metano”, disse Redfern.
Fica o alerta para a importância de que o agronegócio não apenas diminua consideravelmente suas emissões de metano, mas também proteja nossas florestas do fogo.
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