HomePecuária

Desmate é encarado como fator de risco para investimentos no agro

Desmate é encarado como fator de risco para investimentos no agroAgro é vulnerável à instabilidade do clima decorrente das emissões de GEE. Foto: Agência Brasil

Dinheiro público pagou seguro para fazendas desmatadas ilegalmente
Dia do Cerrado: bioma perde cada vez mais vegetação primária
Monitorar a cadeia produtiva da carne é grande desafio para o setor
Por André Garcia 
A transição para agricultura verde no Brasil é crucial para conquistar a confiança dos investidores estrangeiros, cada vez mais  preocupados com os efeitos das mudanças climáticas sobre nossas lavouras. No contexto do comércio com China, hoje a maior parceira brasileira, o desmatamento é considerado o risco mais urgente para as transações.
É o que mostra estudo publicado nesta semana pela Climate Bondes Initiative  (CBI), que destaca uma série de medidas que podem ser adotadas pelos dois países para garantir a resiliência no campo e ampliar o fluxo de investimentos e financiamentos.
 “Embora as emissões globais de GEE do Brasil representem apenas 3%, a agricultura, a silvicultura e outros usos da terra (AFOLU) são responsáveis por 63% das emissões brasileiras. O desmatamento, além de aumentar as emissões e prejudicar a biodiversidade, ameaça à segurança alimentar e resulta em perdas econômicas”, diz trecho do levantamento.
Neste contexto, um aumento no cultivo de soja e na criação de gado na região amazônica, por exemplo, poderia provocar a redução das chuvas no cinturão de soja do Brasil, afetando a produção nacional. Isso representaria uma perda de aproximadamente 10% na safra, o equivalente a US$ 700 milhões por ano. Tudo isso é encarado como fator de alerta pelos empresários e governo chineses.
“À medida que a cadeia de valor de commodities verdes e leves da China continua a melhorar, os investimentos e o comércio chineses na agricultura brasileira ampliarão as regulamentações e os requisitos relacionados ao desmatamento e à conversão de terras para mitigar os riscos na cadeia de valor agrícola” reforça a consultoria.

Gerenciamento de riscos

 

A agricultura contribui com cerca de 30% das emissões de gases de efeito estufa (GEE) no mundo. Ao mesmo tempo, o setor é altamente vulnerável à instabilidade do clima decorrente destas emissões, Essa dinâmica, segundo a CBI cria uma demanda por aprimoramento do gerenciamento de riscos ambientais e climáticos.

Entre os  riscos apontados, está o padrão instável de chuvas,  que resulta em cenários de seca ou de inundação. O levantamento cita ainda danos causados por granizo e vento e a proliferação de pragas e patógenos causada pelo calor extremo.
Vale lembrar que, na última década, o investimento chinês no Brasil apresentou um crescimento substancial, com uma taxa média anual de 30%. Em 2022, a China foi um dos principais investidores estrangeiros no Brasil, direcionando USD67,5 bilhões para petróleo e gás, mineração, telecomunicações, fabricação de automóveis, infraestrutura e agricultura.
Logo, conforme o estudo, por meio de novas parcerias na agropecuária, os países  poderiam acelerar o desenvolvimento de tecnologias verdes, despontando como potências em iniciativas globais de combate às mudanças climáticas.

 

LEIA MAIS:

Critérios de sustentabilidade podem impulsionar investimentos chineses

Como as mudanças climáticas estão afetando o agronegócio