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Frigoríficos brasileiros e importadores chineses lançam aliança por sustentabilidade

Frigoríficos brasileiros e importadores chineses lançam aliança por sustentabilidadeAliança sela um novo tempo para a pecuária brasileira. Foto: Secom MT

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Frigoríficos brasileiros e importadores chineses fecharam, na terça-feira, 28/3, uma importante aliança para mostrar as boas práticas e a sustentabilidade na cadeia da pecuária nacional. Batizada de The Beef Alliance, a iniciativa quer eliminar o comércio de carne com ligações ao desmatamento numa tentativa de ampliar o soft power da carne brasileira, mostrando os casos de sucesso em sustentabilidade. As informações são da revista Exame.

Parceria entre a Tropical Forest Alliance (TFA) e o Imaflora, com recursos do programa Partnerships 4 Forests, a aliança convida em seus diálogos as maiores processadoras de alimentos no Brasil, como JBS, Minerva, Marfrig e Frigol, como JBS, Minerva, Marfrig e Frigol, além da Associação Brasileira dos Exportadores de Carne Bovina (Abiec), que reúne 39 empresas do setor e representa 98% do comércio internacional da commoditie do país. Na China, a Associação de Carne da China (China Meat Association, em inglês) também aderiu à iniciativa.

“A China é extremamente importante para exportação brasileira e tem se tornado ainda mais. Vimos uma lacuna para conversar sobre como está sendo feita essa exportação. Não no sentido de onerar mais as empresas, mas uma discussão saudável sobre as práticas que as empresas já têm e são desconhecidas”, disse em entrevista à revista Eduardo Caldas, coordenador da TFA no Brasil.

Trecho de documento oficial da The Beef Alliance é enfático ao apontar que ingressar na aliança e incorporar seus critérios pode ser uma vantagem para frigoríficos que buscam “ganhos reputacionais, maior estabilidade e rentabilidade no comércio e acesso mais fácil ao financiamento (por exemplo, títulos verdes)”.

A The Beef Alliance busca um diálogo entre os agentes privados dos dois países. Desde 2015, a exportação brasileira de carne bovina para a China aumentou em mais de 10 vezes. No ano passado, chegou a US$ 7,9 bilhões, segundo a Exame.

Práticas não sustentáveis não terão lugar

A aliança surge em um momento em que o setor pecuarista nacional tenta ampliar significativamente as plantas habilitadas para exportar para a China. Atualmente, são 41 plantas — e há mais 50 na fila capazes de se submeter aos protocolos chineses. De acordo com a Exame, hoje, um chinês come, em média, 6 kg de carne bovina por ano — em comparação, americanos consomem em média 38 kg, e brasileiros, 37 kg.

Para Fernando Sampaio, diretor de sustentabilidade da Abiec, existe uma desconfiança de que o aumento do consumo de carne na Ásia, em especial na China possa ser uma ameaça ao meio ambiente — e ao combate às mudanças climáticas.

“A mensagem é que dá para atender essa demanda de uma forma sustentável”, revelou.

Tanto a cooperação com a China quanto as novas potenciais restrições europeias a produtos ligados ao desmate florestais apontam para um mercado futuro no qual crimes ambientais e práticas não sustentáveis não terão lugar.

“Eu quero excluir o cara que não faz nada. Vou garantir, dentro da Abiec, que os frigoríficos estejam trabalhando direito, implementando esses sistemas de controle”, concluiu Sampaio.

Próximas etapas

O plano para os próximos passos inclui exposições e demonstrações de práticas já realizadas no Brasil em termos de pecuária sustentável, além de colher junto aos interlocutores chineses os principais tópicos que os interessa na produção nacional. Na avaliação de Sampaio, os chineses não conhecem muito do que está sendo feito no Brasil, quando se fala, por exemplo, da tecnologia em rastreabilidade e de monitoramento da origem da carne.