HomeProdutividadePecuária

Produção sustentável de bezerros mantém legado de pecuaristas pantaneiros em MT

Produção sustentável de bezerros mantém legado de pecuaristas pantaneiros em MTIda Miranda Sá é exemplo de boas práticas na agricultura. Foto: Divulgação

Entidades do agro assinam protocolo de intenções com o governo para levar internet a todo MT
Embargo de exportação da carne deve desvalorizar gado de MT
Primeira etapa de vacinação contra brucelose termina em 30 de junho

Neste 21 de Setembro, em que se celebra o Dia do Fazendeiro, o Gigante 163 destaca a história de uma mulher, que representa a quarta geração de produtores rurais do Mato Grosso na lida da pecuária pantaneira: Ida Beatriz Machado de Miranda Sá.

Ao assumir a gestão da fazenda Nossa Senhora do Machadinho após a morte do pai, em 2016, a fazendeira resolveu apostar na produção sustentável de bezerros para dar sequência ao legado da família.

Na propriedade, localizada em Cáceres (240 km de Cuiabá), dos 3.200 hectares, cerca de 80% englobam uma área de conservação no Pantanal, onde o rebanho é criado solto.

A história dos Machado na região teve início quando seu bisavô chegou da Alemanha.

“Tudo se iniciou com o meu bisavô, que se casou com minha bisavó, boliviana. Eles ficaram na Bolívia por um tempo e depois ele começou a trabalhar com a pecuária pantaneira em Cáceres. Depois dele, meu avô continuou o trabalho, depois meus pais e agora somos nós, com a incumbência de manter a pecuária pantaneira viva.”

Meio ambiente e mercado internacional

Como representante da quarta geração de produtores rurais no bioma, Ida está à frente da gestão da propriedade, dividida entre quatro irmãos e a mãe. Presidente do Sindicato Rural de Cáceres desde 2019, ela contou à reportagem do Gigante 163 que a opção pela sustentabilidade visa, além do benefício ambiental,  atender às demandas do mercado internacional e nacional, que a cada ano se mostram mais exigentes quanto a este assunto.

“A conservação do meio ambiente e a produtividade estão muito unidas. Sabemos que conseguimos ter uma ótima performance com o tipo de pasto que temos aqui, com o manejo e a gestão adequados. E o produto sustentável é uma demanda do segmento. Há uma exigência para que, até 2035, a produção no último terço da pecuária, que é o confinamento, seja carbono zero”, afirma.

Em busca de soluções que atendessem a essa proposta ela encontrou o projeto Fazenda Pantaneira Sustentável (FPS) e o incorporou à unidade, usando tecnologia, conhecimento e mão de obra da região. Hoje, a produtora é uma dos 15 inscritos no programa, que diagnósticos ambientais, sociais e econômicos para propriedades rurais dos municípios de Poconé, Cáceres, Rondonópolis, Itiquira e Barão de Melgaço.

Tecnologia como aliada

O levantamento de dados é feito por meio de um software denominado FPS, desenvolvido pela Embrapa Pantanal, que possibilita acompanhar a evolução da sustentabilidade de cada propriedade. A ferramenta faz parte do projeto e funciona como uma espécie de raio-x da fazenda, indicando seus pontos fortes, fragilidades, potencial produtivo e alternativas para melhorar os resultados.

A produtora destaca também o histórico de conservação da área, chamando a atenção para o cuidado que os “pantaneiros de verdade” têm com o local onde vivem e de onde tiram sustento.

“O primeiro manejo florestal sustentável da região ocorreu aqui. Então, para nós, a fazenda não é uma propriedade, é a protagonista. Quem mora no Pantanal já é, por natureza, sustentável.”

Na propriedade as vacas são inseminadas e depois levadas para o pasto no Pantanal, onde passam a gestão com conforto e tranquilidade, integradas ao meio-ambiente. Depois que o bezerro nasce é feito o desmame e o furo na orelha para o brinco da rastreabilidade. O processo resulta na entrega anual de cerca de 600 animais para a venda.

De acordo com Ida, embora os produtores ainda não estejam ganhando mais por trabalhar desta forma, o objetivo é tornar a produção pantaneira mais competitiva, especialmente pensando no mercado asiático.

“É uma demanda futura que teremos. Desafios sempre existiram e existirão, mas com informação, consistência, resultado e comportamento ativo sempre conseguiremos ampliar nossos limites.

Fazenda Pantaneira Sustentável

Desde 2019, o Pantanal mato-grossense é berço deste projeto pioneiro conduzido pela Federação da Agricultura e Pecuária de Mato Grosso (Famato), Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (Senar-MT), Sindicatos Rurais, Associação de Criadores de Mato Grosso (Acrimat) e a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) Pantanal/MS.

Para isso, conta com um time de técnicos das entidades envolvidas que visitam as propriedades rurais periodicamente para fazer o levantamento das informações e orientar os produtores conforme a particularidade de cada fazenda.

O projeto tem a competência de avaliar a sustentabilidade da atividade pecuária no Pantanal. De acordo com o supervisor, a motivação surgiu da necessidade de utilização de metodologia no uso de indicadores de sustentabilidade, que permitam medir as variáveis ambientais, econômicas e sociais e suas interações. Além de demonstrar a dinâmica das características ambientais da região.

Outros bons exemplos

Ida Beatriz Machado de Miranda Sá não é a única a adotar boas práticas em seu negócio. Outros fazendeiros mato-grossenses também se destacam ao priorizar a produção sustentável.  Veja a seguir outros exemplos:

Tecnologia e manejo sustentável aumentam produtividade de bezerros em 20%

Conheça fazenda que é exemplo bem-sucedido da pecuária pantaneira

Projeto de boas práticas de pecuária pantaneira é ‘joia da coroa’

Família Dal Piaz enfrentou degradação de pastagens: veja resultados após boas práticas

Conheça 7 iniciativas sustentáveis na Amazônia mato-grossense