Por André Garcia
Responsável por US$ 51 bilhões das exportações brasileiras em 2022, a União Europeia (UE) consolidou de vez a demanda por controle e sustentabilidade no agronegócio. Graças à sua Lei Antidesmatamento, a partir de 2024 países exportadores de carne, soja, milho, madeira e outros produtos terão que comprovar que os itens e seus derivados não têm relação com áreas desmatadas após o último dia de 2020.
Embora os critérios para esta confirmação ainda não tenham sido divulgados, cadeias como a da carne já mostram como o tema pode avançar no Brasil. Práticas como a redução na idade do abate e a rastreabilidade, por exemplo, vem ganhando espaço e devem alavancar a pecuária de precisão, melhorar a gestão nas fazendas e garantir mais lucro ao setor, que lida com baixas no valor da arroba.
Um bom exemplo vem da Associação Novilho Precoce, que fomenta estas estratégias entre cerca de 300 associados distribuídos em 400 propriedades rurais do Mato Grosso do Sul. Em entrevista ao Gigante 163, o superintendente da entidade, Alexandre Guimarães, avalia que para atender a norma europeia, produtos com maior valor agregado serão colocados na balança comercial.
“Mercados como o europeu e de alguns países asiáticos têm se preocupado mais com a origem do alimento, se é seguro ou não, além da questão social e ambiental envolvida na cadeia. Nosso potencial de expansão está exatamente aí, na exigência por produtos de melhor qualidade, que terão mais valor agregado”, afirma.
Gestão aprimorada
Além do mais, o novo contexto também pode fortalecer a cultura organizacional nas propriedades, já que a adoção de ferramentas como a rastreabilidade implica no aprimoramento da gestão. Ou seja, ao mesmo tempo em que garante mais segurança ao consumidor, o pecuarista passa a acompanhar a movimentação do gado no pasto e a contar informações sobre sua origem e genética.
Desta forma, ao associar a coleta de dados com a ferramenta de gestão, a assertividade se amplia e o animal individualizado passa a ser encarado como uma unidade produtiva, com avaliações zootécnicas constantes, comparativos, intervenções específicas, acompanhamento de ganho médio ou prejuízo.
“Se o produtor conhece melhor seus animais e tem mais controle sobre a produção, ele se torna mais organizado e consegue enxergar com mais facilidade os pontos de melhorias e de gerenciamento da propriedade”, afirma.
Idade reduzida
Fundada em 1998, a Novilho Precoce deve atingir neste ano 160 mil cabeças encaminhadas à indústria frigorífica, um avanço de 40% em relação ao ano de 2022, quando foram registradas 114.161 cabeças. Os números traduzem outra estratégia importante para o setor: a redução na idade do gado abatido.
“No ano passado 86% dos abates foram de animais de até 36 meses, e o volume total dos abates geraram 31,3 mil toneladas, uma produtividade valiosa para quem se ancora nos conceitos da sustentabilidade”, conclui Alexandre.
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