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Produtores de MT relatam desafios causados por atraso nas chuvas

Produtores de MT relatam desafios causados por atraso nas chuvasPlantio da safrinha de milho deve terminar em fevereiro. Foto: Leandro Andrade/Aprosoja

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Por André Garcia

Embora as previsões climáticas iniciais fossem positivas, as chuvas esperadas para o começo de outubro não chegaram como esperado, resultando em um atraso no plantio de soja em Mato Grosso. Para evitar prejuízos, produtores das regiões Sul e Leste do estado seguraram o ritmo do plantio e aguardam que a situação se estabilize.

O atraso já trouxe impactos na safra, especialmente para a safrinha e a previsão agora é de que o risco para o milho aumente em cerca de 30%. Diante disso, muitos produtores relataram à série Mato Grosso Clima e Mercado, realizada pela Associação dos Produtores de Soja e Milho (Aprosoja-MT), que ainda não sabem se conseguirão plantar com as condições atuais.

O projeto percorreu mais de 2 mil quilômetros visitando oito cidades e propriedades rurais, começando por Campo Verde, onde o produtor André Pezzini explicou que, graças ao cenário, produtores deixaram talhões sem plantar.

“As operações tiveram que ser feitas de forma mais rápida, desde a aplicação de pré-emergentes, dessecação e a própria semeadura. Tiveram que ser feitas praticamente em tempo recorde”, contou ele.

André mencionou ainda que, ao plantar a soja mais tarde, o milho safrinha também será plantado mais tarde, o que pode afetar a próxima safra. Por isso, é crucial encerrar a safra atual corretamente, com atenção aos prazos.

Neste contexto, o produtor de Itiquira, William Rietjens, destacou que algumas propriedades tiveram uma semana de atraso no plantio, enquanto outras enfrentaram 15 a 20 dias de atraso devido à estiagem e chuvas localizadas.

“Os que tiveram 15 dias de atraso provavelmente terão mais problemas na condução da lavoura. Pragas e o momento de fazer o milho vão atrasar demais”, detalhou.

No município de Primavera do Leste, o produtor Caio Cesar Anton destacou que a preocupação é com a safrinha de milho, pois o atraso no plantio representa um risco devido à diminuição do período de chuvas.

“Com esse atraso, acaba se tornando um risco para a gente, pois nosso período de chuvas vai diminuindo e as portas vão se fechando”, acrescentou Caio Cesar.

Fala reforçada por Jean Marcell Benetti, que produz em Paranatinga.

“Esse atraso vai dificultar ainda mais a safrinha de milho aqui. Muitos produtores já desistiram de plantar milho safrinha no ano passado, e eu sou um deles. Este ano, já estamos quase desistindo de novo e muitos estão buscando culturas alternativas, como o gergelim, que tem se destacado bem no Vale do Araguaia”, acrescentou Benetti.

Em Gaúcha do Norte, Valdomiro Schulz explicou que será necessário terminar o plantio da safrinha de milho até o meio de fevereiro, o que encurtou a janela de plantio. Ele também destacou que a logística será um problema em 2025.

“Como o plantio começou mais tarde, as operações serão aceleradas para garantir a safrinha. A colheita vai acontecer no mesmo período e isso causará fila nos armazéns, porque temos apenas duas empresas que compram o nosso grão”, disse Schulz.

A série Mato Grosso Clima e Mercado continuará a percorrer o estado, a partir do dia 9 de dezembro para a terceira semana da terceira edição, percorrendo as regiões leste e oeste do estado, a fim de entender as realidades e dificuldades enfrentadas pelos produtores.

 

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