Quem te viu, quem te vê, Mato Grosso. Este estado cujo solo era visto nos anos 1970 como improvável para o cultivo de grãos, hoje é uma potência mundial do agronegócio graças ao desenvolvimento científico. Atualmente, aqueles pioneiros que abriram essa terra se encontram diante de mais um desafio: as mudanças climáticas. Se antes o obstáculo era a terra, hoje é o clima.
No último dia 1, por exemplo, a cidade de Jaciara se viu diante de temperaturas de 3° C. O fenômeno inédito, com geada, pôde ser visto em plantações de algodão, que amanheceram com folhas “torradas”.
As mudanças climáticas podem ser causadas por processos naturais ou por consequência das atividades humanas. De acordo com o Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas (IPCC), órgão criado pela Organização Meteorológica Mundial (OMM) e pelo Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (ONU Meio Ambiente), há 90% de certeza que o aumento de temperatura na Terra está sendo causado pela ação do homem.
Lá atrás, em 2007, a Embrapa já alertara em relatório que o impacto das mudanças climáticas pudesse ser a redução média de 30% na produção de trigo e 16% na produção do milho. Vários outros estudos apontam na mesma direção. A Agência Nacional de Águas (ANA) também informou, dez anos depois do alerta da Embrapa, que as ocorrências de secas cresceram 409% no país.
Em março deste ano, o excesso de chuvas atrasou a colheita de soja e o plantio do milho no vizinho Mato Grosso do Sul e em Goiás. Já a seca prolongada deste ano trouxe resultados indesejados ao produtor de milho e soja do Mato Grosso. Soma-se ao conjunto o fato de que a região entrou agora na temporada de queimadas.
No entanto, 2021 é ano de La Niña, mas há climatologistas que sustentam que o fenômeno veio turbinado neste ano por fatores antrópicos, como o desmatamento. Como o produtor do Mato Grosso sempre soube tirar de letra, não será desta vez que esse desafio não será vencido.