Por André Garcia
A seca já afeta quase metade das lavouras de soja de Mato Grosso do Sul, onde as perdas alcançam 2 milhões de hectares. Os dados são do projeto SIGA-MS, da Associação dos Produtores de Soja e Milho (Aprosoja/MS), e trazem também um alerta sobre a segunda safra de milho, que em função da instabilidade do clima vem perdendo força.
De acordo com o Centro de Monitoramento do Tempo e do Clima de Mato Grosso do Sul (Cemtec/MS), no mês de fevereiro de 2025, as chuvas ficaram abaixo da média histórica, com valores entre 30 e 120 mm, principalmente nas regiões sudoeste, pantaneira, sul e sudeste, onde até 47,6% das plantações de soja estão em condições ruins.
“As chuvas têm ocorrido de forma esparsa, com algumas áreas recebendo chuvas fortes, enquanto outras permanecem com precipitações leves. Isso tem permitido que as lavouras em boas e regulares condições finalizem seu ciclo”, aponta o coordenador técnico da Aprosoja/MS, Gabriel Balta.
Reduzindo danos
Para o trimestre março-abril-maio de 2025, de acordo com dados do Cemtec/MS, a tendência é que as chuvas continuem abaixo da média histórica. Para lidar com a situação. Diante disso, os agricultores vêm contando com diferentes estratégias para tentar mitigar os prejuízos.
Como já mostramos, o uso de tecnologias para definir a janela ideal de semeadura e práticas de manejo de solo para reduzir os impactos de temperaturas extremas, são algumas delas. A adubação verde e a diversificação de culturas, com o cultivo de cana-de-açúcar e amendoim, também são bons exemplos.
Safra de milho em jogo
A estiagem, uma das piores já registradas para o período no Estado, também compromete as condições para o plantio e desenvolvimento do milho de segunda safra, que hoje ocupa aproximadamente 47% da área destinada à soja, uma redução de 75% em relação a ciclos anteriores.
Segundo a Aprosoja-MS, na 2ª safra de 2024/2025, a evolução do plantio ao final de fevereiro registrou cerca de 44,5% da área plantada, representando uma queda de 6 pontos percentuais em relação ao ano anterior e ficando abaixo da média dos últimos cinco anos.
“A cultura tem perdido força devido ao alto custo de produção e às condições climáticas adversas que estão afetando seu desenvolvimento. Esses fatores aumentam o risco associado à atividade. Portanto, os produtores estão optando por diversificar a segunda safra”, finalizou o coordenador técnico.
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