Por André Garcia
Produtores de Mato Grosso que iniciaram o plantio da segunda safra de milho com atraso devem ser os mais afetados por prejuízos neste ano. Isso porque, de acordo com o boletim meteorológico da Embrapa Agrossilvipastoril, apenas os três primeiros meses de 2022 apresentaram volume satisfatório de chuva, prejudicando aqueles que apostaram no plantio realizado fora da janela ideal.
Recentemente, a Associação dos Produtores de Soja e Milho de Mato Grosso (Aprosoja-MT) informou que a estiagem prolongada já afetou mais de 10% da produção de todo Estado, o que representaria perda “irreversível” de aproximadamente 4 milhões de toneladas no ciclo 2021/2022. Um relatório técnico elaborado pela Associação apontou que a safra ficará abaixo do volume esperado.
Diante disso, o pesquisador agrometeorológico da Embrapa Jorge Lulu fala sobre a importância da janela ideal, que considera o período com maiores índices de precipitação (janeiro, fevereiro e março), fundamental para o desenvolvimento da planta.
“É um momento crucial para a germinação e florescimento da espiga, por isso há um risco maior para quem planta fora dele”, afirma Lulu.
A escassez, portanto, prejudicou especialmente aqueles que contavam com as chuvas durante os meses seguintes. Isso porque, a partir de abril, os índices pluviométricos caíram muito no centro-sul, situação que se agravou ao longo de maio em praticamente todo o Estado. Em junho, até o dia 23, a chuva acumulada ficou entre 70 e 120 mm no oeste e abaixo de 70 mm no leste.
Perda de 20%
Considerando os números, produtores já preveem perda de 20% para este ano, conforme afirmaram à reportagem. O impacto deve ser sentido especialmente na região leste, onde, historicamente, as precipitações começam só depois de já terem chegado à região norte. As propriedades que apresentam solo mais arenoso também devem sofrer mais com a seca, uma das maiores para a época nos últimos cinco anos.
O Boletim Agrometeorológico da Embrapa, divulgado na quarta-feira, 29/6, mostra ainda que, em Sinop, por exemplo, os números corresponderam a 291,9 mm em janeiro, 457,9 mm em fevereiro, e 447,7 mm em março. A partir de maio até o segundo decêndio de junho praticamente não choveu, tendo sido registrados somente 0,5 mm no primeiro decêndio de junho.
Segundo o Zoneamento Agrícola de Risco Climático (Zarc), a janela de plantio do milho deste ciclo teve início em 1 de janeiro, considerando o risco de 20% de frustração da safra.
“A maior concentração pluviométrica foi constatada em alguns pontos do centro-norte e sudoeste, favorecendo o desenvolvimento das, em sua maioria semeadas dentro da janela ideal”, conclui o pesquisador.