Por André Garcia
Com expectativa de conclusão para o final de julho, a segunda safra de milho no Mato Grosso deve sofrer perdas estimadas entre 5% e 10% em comparação ao ano passado. A avaliação é do presidente da Associação dos Produtores de Soja e Milho de Mato Grosso (Aprosoja-MT), Fernando Cadore, que aponta a seca como principal responsável pelos prejuízos, principalmente na região sudeste.
Vale lembrar que, na região leste, historicamente, as precipitações começam só depois de já terem chegado à região norte, onde a colheita ocorre sem grandes imprevistos.
“Neste ano algumas regiões sofreram bastante com a estiagem, principalmente, a região sudeste e uma parte da oeste e da sul. Temos relatos de lugares onde a chuva não chegou a a ir até o final de março”, diz Cadore ao Gigante 163.
O diagnóstico vai ao encontro dos dados apontados pelo boletim meteorológico da Embrapa Agrossilvipastoril, divulgado na última semana, que você leu aqui no Gigante 163. De acordo com o estudo, apenas os três primeiros meses de 2022 apresentaram volume satisfatório de chuva em Mato Grosso, onde foram plantados 6,39 milhões de hectares de milho.
Ainda segundo o boletim, a partir de abril, os índices pluviométricos caíram no centro-sul, situação que se agravou ao longo de maio em praticamente todo o Estado. Em junho, até o dia 23, a chuva acumulada ficou entre 70 e 120 mm no oeste e abaixo de 70 mm no leste.
Recentemente, a Aprosoja já havia informado que a a porcentagem representaria perda “irreversível” de aproximadamente 4 milhões de toneladas no ciclo 2021/2022. Alguns produtores, contudo, cogitam queda de até 20%.
“É difícil colocar em números, mas a gente acredita que fica em torno de 5 a 10%. Só com a finalização dos trabalhos de campo é que teremos mais assertividade” conclui o presidente.
Janela ideal
Os produtores de Mato Grosso que iniciaram o plantio da segunda safra com atraso devem ser os mais afetados pelos prejuízos neste ano, já que perderam o período conhecido como janela ideal. É neste intervalo, entre janeiro, fevereiro e março, que são registrados os maiores índices de chuva, fundamentais pra o desenvolvimento da planta.
Diante disso, o Zoneamento Agrícola de Risco Climático (Zarc), sugeriu que a janela de plantio do milho deste ciclo fosse iniciada em 1 de janeiro, considerando o risco de 20% de frustração da safra.
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