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Uso de tanino na pecuária reduz emissão de gases em até 17%

Uso de tanino na pecuária reduz emissão de gases em até 17%Gado foi acompanhado por pesquisadores por seis meses. Foto: PCI

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Por André Garcia

O uso de aditivo alimentar à base de mistura dos compostos vegetais conhecidos como taninos e saponinas reduz em até 17% as emissões entéricas de metano por bovino de corte confinado. A novidade pode ajudar as empresas do setor da carne a melhorarem os seus balanços de Gases do Efeito Estufa (GEE).

Conduzido pelo Instituto de Zootecnia de São Paulo (IZ), o estudo foi apoiado pela JBS e pela Silvateam. De acordo com publicação do Globo Rural, uma das principais vantagens da mistura de taninos em relação aos demais aditivos alimentares é o fato de serem amplamente utilizadas na pecuária brasileira.

O produto auxilia no ganho de peso e no desenvolvimento da carcaça do animal, o que se traduz em redução nos custos de alimentação, melhoria da conversão alimentar e eficiência proteica. Especialistas já trabalhavam com a hipótese de que, ao melhorar a saúde intestinal do gado, ele reduziria as emissões entéricas, o que se comprovou agora.

“O interesse nessa tecnologia não é somente da Companhia, mas de todo o setor pecuário, já, que ao tornar essas soluções acessíveis a toda a cadeia produtiva, isso contribuirá para a promoção da pecuária de baixo carbono no Brasil”, afirma Fábio Dias, diretor de Pecuária da Friboi e líder de Agricultura Regenerativa JBS Brasil.

Resultados

Os pesquisadores do IZ acompanharam por cerca de seis meses os animais do confinamento da JBS em Guaiçara (SP). Aplicando os resultados de forma retroativa entre 2019 e 2022, a mistura de taninos e saponinas na dieta evitou a emissão de mais de 30,2 mil toneladas de gás carbônico (CO₂) equivalente no gado dos confinamentos da JBS.

Esse volume equivale à retirada de circulação de cerca de 24 mil carros a gasolina ou ao plantio de mais de 2.000 árvores no período.

“A pesquisa beneficia não apenas as empresas participantes, mas toda a pecuária brasileira, que agora conta com a comprovação científica de que o uso de aditivos alimentares contribui para reduzir a pegada de carbono da pecuária, tornando as operações mais sustentáveis”, afirma responsável pelo estudo, Renata Arnandes.

De acordo com a Silvateam, mais de 5 milhões de cabeças de gado em confinamento no Brasil já utilizaram o tanino produzido pela empresa desde 2016, o que evitou a emissão de 11.900 toneladas de metano, ou 334.766 toneladas de CO₂ equivalente, o mesmo que o plantio de 22,6 mil árvores ou a retirada em circulação de 265,6 mil carros a gasolina.

“Dessa forma, mostramos que a pecuária é parte ativa da solução na busca pela neutralidade climática”, destaca Marcelo Manella, diretor da Silvateam.

Os taninos

Os taninos são compostos químicos naturais encontrados em várias partes de plantas, como frutos, folhas, sementes e cascas. O Silvafeed BX, aditivo utilizado nos confinamentos da JBS, tem como base os taninos extraídos de quebracho colorado, castanheira e saponinas.

Quando adicionados à alimentação bovina, esses taninos exercem um efeito positivo na modulação e modificação da fermentação ruminal. Isso resulta na redução das emissões entéricas de metano, na melhora no metabolismo ruminal e, consequentemente, na otimização do desempenho dos animais.

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