Você sabia que as árvores de uma floresta estão interligadas, formando uma grande rede de comunicação? Abaixo do solo, as raízes das plantas se conectam com o micélio de fungos, formando uma quilométrica teia conhecida por micorriza. Através dessa rede, as árvores compartilham entre si informações de estresse climático ou hídrico, além de trocar substâncias e fornecer seiva e água a plantas menores.
“As micorrizas são fios condutores como uma fibra-ótica da internet”, compara Peter Wohlleben, engenheiro florestal e autor do livro ‘A Vida Secreta das Árvores’, em entrevista ao G1.
Segundo Wohlleben, um terço do açúcar produzido por uma árvore vai para os fungos que, em retribuição, fornecem à planta informações de toda a floresta. Assim, uma planta maior, muitas vezes a “árvore-mãe” da floresta é capaz de fornecer seiva e demais nutrientes para as mais jovens, que não recebem tanta luz solar por estarem encobertas pelas copas de outras árvores. As mesmas trocas ocorrem entre plantas adoecidas e saudáveis.
A pesquisadora e professora de ecologia florestal Suzanne Simard, do Canadá, em 1990, liderou um estudo para investigar a comunicação entre as árvores de uma floresta. Sua equipe injetou moléculas de carbono em uma árvore e, em pouco tempo, detectou que a substância tinha passado para as árvores do entorno.
“Nós fizemos sensoriamento em uma floresta do Pacífico Norte e o que constatamos foi surpreendente. Tudo ali está conectado formando uma extraordinária rede de comunicação. Tão ou mais fantástica que a internet”, diz Simard.
É por esse e outros motivos que devemos nos atentar aos estudos e legislações locais antes de alterar biomas e vegetações. A floresta é um organismo vivo, e qualquer interferência irresponsável de nossa parte pode trazer consequências drásticas e irreparáveis a quilômetros de distância.