Indígenas das etnias Xavante e Boe Bororo, em Canarana, no Mato Grosso, lideram uma iniciativa sustentável que combina práticas agrícolas regenerativas e tecnologias avançadas, como drones e tablets. Apoiado pela Fundação Bunge, o projeto Semêa busca promover a agricultura de baixo carbono e, ao mesmo tempo, preservar o solo, as florestas e os recursos hídricos da região.
Com treinamento para o uso de drones, essas comunidades reafirmam seu compromisso com a proteção das florestas, essenciais para o enfrentamento das mudanças climáticas. Ao integrar saberes tradicionais com tecnologia, elas não apenas monitoram, restauram e protegem áreas vitais, mas também criam oportunidades que fortalecem sua autonomia e inspiram iniciativas semelhantes em outras regiões do país. O projeto também atinge assentados e pequenos produtores mato-grossenses.
“Estamos reflorestando 27,5 hectares de pastagens, recuperando quatro nascentes e viabilizando um projeto de processamento e distribuição de mel, gerando uma nova fonte de renda para as comunidades”, destacou Cláudia Buzzette Calais, diretora-executiva da Fundação Bunge, ao portal R7.
Práticas como a polinização de lavouras com abelhas e o sistema Integração Lavoura-Pecuária-Floresta (ILPF) também têm sido promovidas para aumentar a sustentabilidade e a rentabilidade das atividades agrícolas locais.
A tecnologia também está sendo empregada na prevenção de incêndios florestais, um desafio para a região de Canarana, que ocupa a 15ª posição no ranking de focos de incêndio do Mato Grosso, de acordo com o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE). Equipadas com três drones e três tablets, indígenas monitoraram mais de 635 mil hectares, respondendo de forma rápida e eficiente às ameaças de queimadas.
O projeto Semêa já recebeu investimento inicial de R$ 1,6 milhão, com previsão de mais R$ 3 milhões até 2025. Entre os parceiros estão a Agrícola Alvorada, a Empaer, a Prefeitura de Canarana, o Instituto Federal de Mato Grosso e a Fundação Nacional dos Povos Indígenas (Funai).