Por André Garcia
Mais jovens e qualificados em relação a outras regiões do mundo, agricultores brasileiros lideram uma transformação no setor com a adoção de tecnologias no campo. Essa mudança de perfil pode ser crucial para que o setor enfrente os desafios das mudanças climáticas com eficiência, ao mesmo tempo em que aumenta a sustentabilidade e a lucratividade.
Produtor em Nova Ubiratã, em Mato Grosso, Nathan Belusso, que também é diretor Financeiro da Associação dos Produtores de Soja e Milho (Aprosoja-MT) explicou ao Gigante 163 que a idade média dos agricultores brasileiros é um fator determinante para o avanço de uma cultura de inovação.
Enquanto nos Estados Unidos e na Europa a faixa etária no campo é estimada entre 58 e 60 anos, aqui, a média é de 46 anos, segundo pesquisa da consultoria Ernst & Young (EY) e da CropLife Brasil. O levantamento indica ainda que a nova geração de agricultores tem nível de escolaridade bem maior do que há 30 e 40 anos.
“Essa juventude faz com que o produtor seja mais aberto à inserção de novas tecnologias e melhore sua produtividade de maneira significativa a cada ano, preservando muito mais, economizando na utilização de defensivos e fertilizantes e conseguindo sempre o máximo potencial de suas terras”, explica.
Essa flexibilidade é essencial em um contexto em que o uso de inteligência artificial, drones, IoT (internet das coisas), automação, digitalização e machine learning vem sendo incorporados cada vez mais rápido ao agronegócio. Estes nomes se tornaram essenciais para a conservação do solo e à previsão do tempo, por exemplo.
“A tecnologia faz toda a diferença para a manutenção da produção e, consequentemente, da vida do produtor no negócio. E isso ajuda na conservação da natureza, porque, aumentando sua produtividade nas áreas já abertas, não tem necessidade de abertura de novas áreas e consequentemente gera mais renda.”
Mas, para além da inovação tecnológica, os mais jovens também tendem a planejar e incluir outras práticas sustentáveis às rotinas, pensando na conservação de recursos, no uso eficiente de água e energia e manejo do solo, visando a sua saúde a longo prazo.
Diferença de gerações
É justamente por estar de olho na modernização dos processos, que Bruno Maia vem ajudando o pai, Flávio Maia, a melhorar os números do rancho Don Cota, no município de Camapuã, no Mato Grosso do Sul. “Hoje eu só fico na retaguarda, quem fala mesmo e conta tudo é meu filho”, diz Flávio.
Hoje, eles contam com a Assistência Técnica e Gerencial (ATeG) do Senar/MS, ferramenta de melhoria da gestão do negócio, produtividade e sustentabilidade das propriedades da região. O trabalho vem mudando a cara da propriedade, que, desde os anos 90, é focada na criação de gado.
“Além de nos ajudar a ter outra visão no pastejo rotacionado, cultivo do capiaçu para silagem, bem-estar animal e gerenciamento, o Senar promoveu capacitação para os colaboradores que até então não sabiam trabalhar com esses métodos. Isso foi fundamental para nosso sucesso”.
Juntos, pai e filho mostram que o conhecimento agregado por diferentes gerações é crucial para superar desafios, intensificar a produção e assegurar a sobrevivência do negócio. “Aquilo que você adquire na herança deve passar ao próximo. Então meu intuito é só preservar o fruto do trabalho e do suor que eles tiverem”, conclui Bruno.
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