HomeTecnologia

Sutentabilidade pauta avanço tecnológico no agro

Sutentabilidade pauta avanço tecnológico no agroFoto: Reprodução/CNA

Ação Verde doa mais de R$2 mi em equipamentos para combate ao fogo em MT
El Niño: seca nos rios do Norte pode prejudicar preço de grãos
Aprosoja estima quebra de 21% na produção de soja no Mato Grosso

Por André Garcia

Inteligência artificial, drones, IoT (internet das coisas), automação, digitalização e machine learning são alguns dos nomes que vêm sendo, cada vez mais rápido, incorporados aos diálogos do universo do agronegócio. E não é à toa, já que a tecnologia é uma das principais apostas tanto para evitar prejuízos causados pelas mudanças climáticas, quanto para freá-las.

Produtor em Nova Ubiratã (430 km de Cuiabá), Nathan Belusso, explica ao Gigante 163 que esta guinada tecnológica está alinhada à busca por técnicas mais sustentáveis e que permitam, entre outras coisas, aumentar a produção sem desmatar no mesmo ritmo. Por isso estes nomes, em parte importados, estão cada vez mais associados às práticas que garantam a conservação do solo e à previsão do tempo, por exemplo.

“A tecnologia faz toda a diferença para a manutenção da produção e, consequentemente, da vida do produtor no negócio. E isso ajuda na conservação da natureza, porque, aumentando sua produtividade nas áreas já abertas, não tem necessidade de abertura de novas áreas e consequentemente gera mais renda ao produtor”, pontua ele.

Um sinal claro da modernização está na multiplicação das chamadas “agtechs”, as startups do agronegócio. Em 2023, a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) mapeou esse tipo de empreendimento no País e mostrou que no Centro-Oeste, região onde a atividade se expande, houve um aumento de 11,5% do número de startups ligadas ao setor em um ano.

Na Agrishow deste ano, a lista de termos tecnológicos foi encorpada. Do preparo de solo, passando pela escolha das sementes, plantio, adubação e controle de pragas, as soluções apresentadas na feira incluem câmeras com redes neurais para aplicação de herbicidas, pulverização inteligente que utiliza IA e software que responde às perguntas dos produtores.

O conceito de big data é outro exemplo que ganha força e, na pecuária, oferece uma boa resposta para as demandas de rastreabilidade. Isso porque permite coletar, processar e analisar grandes volumes de dados gerados da porteira para dendro. Esses dados podem vir de fontes como sensores de máquinas agrícolas, dispositivos de internet, registros meteorológicos, informações de mercado, entre outros.

“Se o produtor conhece melhor seus animais e tem mais controle sobre a produção, ele se torna mais organizado e consegue enxergar com mais facilidade os pontos de melhorias e de gerenciamento da propriedade”, disse à reportagem o superintendente da Associação Novilho Precoce, de Mato Grosso do Sul, Alexandre Guimarães.

Caminho sem volta

Todas essas novidades ajudam o setor a lidar com números incômodos. De acordo com o Observatório do Clima, por exemplo, as emissões do agro, geradas principalmente pelo desmatamento e o metano do gado (causados pelos arrotos dos bois), representaram 73,7% das emissões no País em 2021. Por isso, a pressão por métodos menos danosos é crescente e acaba alimentando a demanda por inovação.

Isso não é necessariamente um problema para a atividade, que, ao longo das últimas décadas vem provando sua adaptabilidade. Para se ter ideia, em Mato Grosso, maior produtor brasileiro, tecnologia e pesquisa garantiram um aumento 1.000% na produtividade entre 1973 e 2023, enquanto a área de cultivo cresceu apenas 400% segundo a Embrapa. Ou seja, produziu-se muito mais do que se desmatou.

“Os produtores que fazem da produção do Mato Grosso uma das maiores do mundo também são responsáveis pela preservação do Estado. Até pouco tempo atrás, cerca de 30 a 40 anos, o solo do Mato Grosso, do Cerrado, era considerado inóspito para a agricultura. Com pesquisa e tecnologia, a gente conseguiu transformar esse solo em um dos solos mais produtivos do mundo”, acrescenta Belusso.

Essa virtude é uma importante carta na manga. Um relatório divulgado neste ano pela Orbitas, iniciativa da Climate Advisers especializada em cooperação climática, mostra que quem investe em sustentabilidade poderá lucrar até 83%  mais nos próximos anos. A porcentagem é atribuída à exploração agrícola de alto desempenho, inovação tecnológica, redução nas emissões de gases do efeito estufa (GEE) e diversificação.

Crescimento das agtechs

Segundo a Embrapa, a sustentabilidade foi um dos temas que mais pautaram o crescimento das startups do agro em 2023. Para se ter ideia, na categoria “Biodiversidade da sustentabilidade”, o crescimento foi de 124,30% (de 37 para 83); em “Bioenergia e energia renovável”, de 34,60% (de 26 para 35); Segurança e rastreabilidade de alimentos, de 56,62% (de 13 para 21).

Mas para que estes números continuem em alta, ainda é preciso superar alguns obstáculos. Em abril deste ano, o Indicador de Conectividade Rural da ConectarAgro apontou que apenas 19% da área disponível para o uso agrícola têm cobertura 4G no País. Já o total de propriedades com cobertura em toda a área de uso agropecuário atinge 37%.

LEIA MAIS:

De IA a robótica, Agrishow atendeu pequenos e grande produtores; veja

Rastreabilidade melhora gestão, alavanca tecnologia e agreva valor

Tecnologias combinadas para enfrentar a seca na soja

Tecnologia nuclear ganha reforço para expandir agricultura sustentável

Mudanças do clima e inteligência artificial afetam 1/3 do agronegócio

Saiba como a Inteligência Artificial pode impulsionar o agro

Tecnologia e manejo sustentável aumentam produtividade de bezerros em 20%

Acesso à internet é gargalo para uso de tecnologia na pecuária em MT

Tecnologia é ferramenta de negócios de pecuaristas do MT, diz pesquisa