Há cinco anos, uma ideia que começou como um serviço de informações em grupo de WhatsApp transformou-se em um negócio de impacto com potencial de transformar a agricultura familiar brasileira. A startup ManejeBem, atualmente, atende 300 mil produtores rurais. A empresa impulsionou um aumento de 40% na renda e um acréscimo de 27% na sustentabilidade das lavouras dos produtores que atende no último semestre. As informações são do site Um Só Planeta.
A empresa oferece uma plataforma de assistência técnica agrícola que combina recursos digitais e atendimento presencial. Seu aplicativo de chat e conteúdos sobre manejo sustentável das lavouras são disponibilizados gratuitamente para os produtores. O financiamento do serviço provém de grandes empresas de alimentos e bebidas, órgãos públicos e mineradoras, que buscam cumprir metas relacionadas a questões ambientais, sociais e de governança (ESG), bem como planos de compensação socioambiental.
À frente do negócio estão Juliane Lemos Blainski, bióloga com doutorado em Biotecnologia e Biociências, e Caroline Luiz Pimenta, agrônoma com doutorado em Recursos Genéticos Vegetais. A Maneje Bem conta com 26 funcionários, a maioria nas áreas de agronomia e tecnologia, além de consultores financeiros, que atendem produtores em 175 municípios de 15 Estados.
Nos primeiros três anos, a empresa desenvolveu seu modelo de negócios, validou sua oferta, captou recursos, montou equipes e gestão, e forneceu consultoria. Encontraram um parceiro para desenvolver o software e o aplicativo, que se tornará sócio após um período de 4 anos. Outros sócios incluem Bossa Nova Invest e AgroVen. A startup também passou por programas de aceleração, aumentando sua base de clientes.
Lidando com os impactos que atravessam o agro
Todos os produtores assistidos pela ManejeBem tiveram a necessidade regularizar seu Cadastro Ambiental Rural (CAR), principalmente devido à falta de áreas de proteção nas margens de rios e nascentes (APPs). Isso resulta em contaminação da água, acesso de animais aos rios e problemas de saúde nas comunidades abastecidas por esses rios poluídos. As APPs atuam como barreiras naturais contra poluentes e erosão do solo.
Outro problema frequente é a falta de análise do solo, o que resulta no uso inadequado de adubos e pesticidas, geralmente em excesso. Isso não apenas afeta a saúde humana, mas também prejudica as plantas, reduzindo a diversidade e a quantidade de micro-organismos do solo, prejudicando sua fertilidade. A prática de monocultura, embora seja mais eficaz a curto prazo, leva à exaustão do solo e aumenta o risco de pragas e doenças a longo prazo.
Mas a boa notícia são os resultados: nos últimos seis meses, a aplicação de técnicas agrícolas sustentáveis entre os produtores atendidos pela startup cresceu 40%, como a rotação e o consorciamento de culturas, que envolvem o cultivo de diferentes espécies evitando a erosão do solo e ajudando a trazer mais resiliência ao quebrar o ciclo de vida de pragas e doenças das plantas.
“Se houve menos aplicação de agrotóxico é porque houve menos doenças e pragas, porque aumentou o número de predadores naturais, o que está relacionado com o equilíbrio do ecossistema – é uma cadeia de resultados que a gente mensura”, explicou Caroline Luiz Pimenta.
Ela revelou que numa das propriedades, a produtividade chegou a ser 80% maior, e a renda da família cresceu 333%, ao seguir as recomendações de técnicas agrícolas sustentáveis.